Jornalistas são cercados, ameaçados e hostilizados por apoiadores de Bolsonaro após culto na Assembleia de Deus

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Foto: Solon Neto/ Sputinik

Na última terça-feira, 4 de outubro, profissionais de imprensa que realizavam a cobertura de um ato de campanha de Jair Bolsonaro em uma igreja da Assembleia de Deus na região do Brás, zona central de São Paulo, foram hostilizados, perseguidos e ameaçados por apoiadores do atual presidente e fiéis.

Os ataques ao livre exercício do jornalismo foram documentados e gravados pelos próprios profissionais. De acordo com Solon Neto, correspondente da agência Sputnik News, a imprensa foi impedida de ingressar no interior do templo religioso e aguardou a comitiva de Bolsonaro na porta do estacionamento da igreja. Após o final do culto, quando parte dos jornalistas já tinha se retirado do local, um grupo de bolsonaristas notou a presença da imprensa e passou a hostilizar os profissionais, especialmente uma repórter e um repórter cinematográfico da TV Globo.

Uma das fiéis que presenciou a cena ficou indignada com a postura dos agressores e tentou proteger os jornalistas, levando-os a uma esquina onde estava uma viatura da Polícia Militar. Ao chegar no local, entretanto, os policiais simplesmente foram embora, deixando em risco os profissionais que continuavam a ser hostilizados.

Alguns dos fiéis repudiaram o ato, afirmando que aquilo não representava a igreja e não era condizente com um comportamento cristão. Mas os profissionais de imprensa ainda tiveram que caminhar mais algumas quadras, sob gritos e xingamentos de “Globo Lixo” e “Lula Ladrão”, até a multidão bolsonarista começar a se dispersar.

É inadmissível que agressões desse tipo ocorram, ainda mais em um ambiente religioso, que deveria inspirar outros sentimentos que não o ódio. No mesmo dia, fotógrafos de agências internacionais foram expulsos da Assembleia de Deus e impedidos de realizar o seu trabalho.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) entraram em contato com alguns dos jornalistas que foram ameaçados, prestando solidariedade. O SJSP também deixa o departamento jurídico à disposição de qualquer profissional que seja atacado durante o exercício de seu trabalho.

Diante de mais um caso de violência, nossas entidades protestam contra as autoridades competentes que não prestaram auxílio aos profissionais e reivindicam mais uma vez às empresas que sigam os protocolos de segurança enviados pelo SJSP, garantindo que os profissionais tenham proteção garantida em situações de risco.

Em caso de violência ou cerceamento do livre exercício profissional, os jornalistas podem contatar o SJSP pelo telefone (11) 94540-0287 (acesse o Guia de Proteção a Jornalistas na Cobertura Eleitoral). Caso os jornalistas sofram agressão ou intimidação, o SJSP também dispõe de um canal online de denúncia. Clique aqui para denunciar.