No dia 28 de setembro deste ano, em evento público de lançamento do seu partido político (La Libertad Avanza), o presidente da Argentina, Javier Milei, excedeu o tom de suas ofensas e passou a convocar as pessoas a insultarem publicamente jornalistas. A partir de então, tem-se dedicado a uma campanha de ataques e estigmatização do trabalho de profissionais da imprensa, além de organizações que defendem o jornalismo e a liberdade de expressão no país, como o Foro de Periodismo Argentino (Fopea). Uma mensagem e imagem compartilhada nas redes sociais do presidente ataca diretamente a Fopea. A jornalista Paula Moreno, presidente da entidade, também foi exposta em agressões por parte de aliados dele.
Milei, desde o início do seu mandato, tem dado demonstrações do seu repúdio contra o trabalho da imprensa, especialmente quando os jornalistas realizam o seu trabalho de investigar, revelar e criticar a administração pública. A estratégia adotada por Milei é conhecida de líderes políticos autoritários que atentam contra a democracia por meio do enfraquecimento do jornalismo e daqueles que o defendem.
A liberdade de imprensa é um pilar da democracia e possibilita o acesso a informações e outros direitos fundamentais. Os chefes de Estado devem prezar pela proteção desse direito, começando por não propagarem eles próprios o discurso que alimenta mais agressões contra a imprensa, além de estarem mais abertos ao escrutínio público e às críticas que fomentam o debate público.
A Coalizão em Defesa do Jornalismo, que reúne 11 organizações brasileiras, manifesta sua solidariedade ao Fopea e a sua presidente pelos ataques sofridos. Reforça a importância do trabalho da organização para defender que jornalistas possam ter um ambiente seguro para o exercício da profissão na Argentina. E repudia a ação do presidente Milei e seus apoiadores de descredibilizar e insultar a imprensa, uma ação contrária aos padrões regionais e nacionais de proteção à democracia e à liberdade de imprensa.
São Paulo, 28 de outubro de 2024