Conajira

Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial

A Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) é um órgão de assessoramento à Fenaj para as questões étnico-raciais, consolidando assim o compromisso da Federação e dos 31 sindicatos filiados com o combate ao racismo, pela superação de todas as formas de assédio e discriminação no ambiente de trabalho e social, bem como de apoio às políticas de promoção da igualdade racial.

A CONAJIRA) surgiu no contexto do 33º Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em São Paulo, em 2008, durante o 2º Encontro das COJIRAS e Núcleo. Além de aprovar novas propostas de promoção da igualdade racial, o Congresso aprovou a criação da CONAJIRA, formada por representantes (um titular e um suplente) da FENAJ e de cada coletivo de combate ao racismo existente no âmbito dos sindicatos de jornalistas.

A CONAJIRA busca formalizar a construção de uma pauta nacional de atividades a serem desenvolvidas pelos jornalistas para o combate ao racismo, pela equidade de gênero e pela promoção da igualdade racial. Uma das primeiras tarefas da CONAJIRA foi estimular os demais sindicatos associados à Fenaj a criarem comissões de jornalistas comprometidas com o combate ao racismo.

Já em 2009, a CONAJIRA por meio das COJIRAS, Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do Rio Grande Sul e Diretoria de Igualdade Racial-Ba, elaborou documento com propostas de formação em relações étnico-raciais como contribuição para a revisão das Diretrizes Curriculares da Habilitação de Jornalismo do Curso de Comunicação Social. O documento foi entregue ao professor José Marques de Melo durante a audiência pública realizada pela Comissão de Especialistas do MEC, em Recife. Infelizmente, o documento final das Diretrizes não contemplou as propostas.

Em 2014, realizou o I Encontro Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (ENJIRA), como parte do 36º Congresso Nacional dos Jornalistas Brasileiros, realizado em Maceió – Alagoas. O colegiado também participou com representações (titular e suplente) da gestão de 2010/2012 do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

Em 2011, em parceria com a ONU Mulheres, apoio da Seppir e da SPM, a CONAJIRA representou a Fenaj na Coordenação do Curso de Gênero, Raça e Etnia para Jornalistas, realizado em 08 capitais brasileiras (Maceió, Fortaleza, Recife, Manaus, Belém, Município do Rio de Janeiro, São Paulo, e Porto Alegre), e ainda, a Campanha nacional “Jornalista de verdade assume sua identidade”, de inclusão na ficha sindical do item raça\cor\etnia.

Também em 2011 integrou a comissão do CNPIR que organizou a participação da sociedade civil (movimento negro nacional) no Encontro Ibero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes, realizado em Salvador (Ba). Em abril de 2012, no Rio de Janeiro, participou do Seminário de Desenvolvimento Sustentável pela ótica do Movimento Negro. Em junho de 2012 participou da Rio + 20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, na atividade “Diálogos sobre Questões Raciais e Desenvolvimento Sustentável”.

Como integrante do CNPIR contribuiu com propostas de promoção da igualdade racial na comunicação e abriu diálogo de jornalistas com a Secom da Presidência da República para a mídia negra ter acesso aos recursos de publicidade do governo federal.

Em 2021, quando o Brasil e o Mundo enfrentavam a pandemia de Covid-19, a Conajira/Fenaj realizou o WEBNÁRIO II ENJIRA, após sete anos do I ENJIRA, motivados pela oportunidade de realizar um encontro, mesmo de forma online, com todos/as os/as integrantes dos coletivos de combate ao racismo dos sindicatos de jornalistas. Objetivo era refletir sobre o papel da CONAJIRA nos 21 anos de ativismos e os desafios para o enfrentamento do racismo, por meio de propostas para a construção de um plano de ação a ser executado no período 2021/2022.

Em 2024, completam-se 23 anos desde o início das atividades dos colegiados que construíram o movimento que culminou com a criação da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Étnico-Racial (CONAJIRA), que reúne representações dos coletivos de combate ao racismo e promoção da igualdade racial existentes nos Sindicatos de Jornalistas filiados à FENAJ.

Desde 2023, a Conajira participa da Articulação pela Mídia Negra, um movimento que reúne mais de 40 organizações incluindo veículos de comunicação, entidades e coletivos, que tem como missão central lutar por políticas públicas que combatam a desigualdade social e racial na mídia, bem como a sub-representação e estereotipagem das comunidades negras, periféricas e indígenas.

BREVE HISTÓRICO DOS COLETIVOS QUE FORMAM A CONAJIRA 

COJIRA-SP

Foi no ano 2000 que começaram no Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo os diálogos que levaram à criação no ano posterior, 2001, da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial – COJIRA. No primeiro manifesto, a COJIRA-SP definiu-se como um órgão consultivo, com participação aberta a todos os interessados, voltado para ajudar o Sindicato a ter uma atuação mais efetiva com relação à questão racial. Merecem destaque, entre as atividades que a Cojira-SP realizou:

Em 2002, promoveu o relançamento da obra “Imprensa Negra” de Clóvis Moura e Miriam Nicolau Ferrara, coletânea de estudos  e fac símiles de jornais do início da imprensa negra paulistana, cuja tiragem de 2.500 exemplares foi, em grande parte, doada  a bibliotecas públicas do estado de São Paulo, universidades, entidades do Movimento Negro, sindicatos, além de professores e outros estudiosos de todo o país.

Publicação, em 2004, pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – Imesp e por Geledés – Instituto da Mulher Negra, do livro Espelho Infiel: o negro no jornalismo brasileiro, organizado por Flavio Carrança e Rosane da Silva Borges.

Durante seus 20 anos de existência, a Cojira SP promoveu diversos cursos e palestras abordando temas que relacionam ao jornalismo e questão racial, atividades que já realizou com inúmeros parceiros como a Coordenadoria do Negro do Município de São Paulo, o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo,  Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, ONU Mulheres, Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e Museu Afro Brasil.

Em 2020, para comemorar os 190 anos do nascimento de Luiz Gama, uma série de lives nas redes sociais com expressiva audiência, chamando a atenção para a importância da atividade jornalística do Patrono do Abolicionismo Brasileiro, evento que contou com a participação de diversos estudiosos do assunto, com destaque para a professora Ligia Ferreira, maior especialista do país na obra de Gama e autora do estudo recém lançado em livro Lições de Resistência: Artigos de Luiz Gama na Imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro.

NÚCLEO DE JORNALISTAS AFRO-BRASILEIROS DO RIO GRANDE DO SUL

O Núcleo de Jornalistas Afrobrasileiros do Sindjors (Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul) surgiu em 2001, para atender demandas do Comitê Afro-brasileiro do Fórum Social Mundial. O grupo foi criado depois que os jornalistas negros e negras do Brasil e de várias partes do mundo enfrentaram barreiras para veicular reportagens e dar visibilidade de suas ações, antes e durante o Fórum. Um grupo de jornalistas negros do Sindicato criou, oficialmente, em 2001 o Núcleo, para discutir as questões de etnia dos meios de comunicação, buscar a definição de política para conhecimento e legitimação de suas especificidades, manifestações culturais e forma de viver própria, legados transmitidos à população brasileira pela ancestralidade africana.

Partiu do Núcleo a iniciativa para que a luta da igualdade racial passasse a integrar o Calendário Nacional da Fenaj, com a tese “Visibilidade das Questões Étnicas nos Meios de Comunicação e no Mercado de Trabalho”, que recebeu apoio das Cojiras São Paulo e Rio de Janeiro. A tese foi aprovada no 31° Congresso Nacional de Jornalistas, em João Pessoa, Paraíba, em 2004.

Realizou o 1° Seminário “O Negro na Mídia, a Invisibilidade da Cor”; com uma publicação contemplando a pesquisa “Desigualdade da Mídia no Rio Grande do Sul, a (In)visibilidade da Cor”, de Agnéa Magali Winter.

–  Painel Sugestão de Pauta: Mídia Étnica, que trouxe à tona “O Caso do Homem Errado”. Painel sobre “A Saúde da População Negra, em especial, das mulheres negras”.

Também realizou a 2º edição do Seminário Estadual “O Negro na Mídia, a Invisibilidade da Cor, realizado em parceria com a ONU Mulheres, que tratou sobre a Invisibilidade da população negra na mídia brasileira; a desagregação de dados por raça/etnia nos censos de 2010 da América Latina e Caribe, em 2005.

Durante o 34° Congresso Nacional da categoria, em Porto Alegre oportunizou a realização das Oficinas e Espaços da Articulação de Gênero, Raça e Etnia.

11 – Em parceria com a Fenaj e a ONU Mulheres, em 2011, articulou o Curso para formação de jornalistas e estudantes de jornalismo na temática de Gênero, Raça e Etnia. Ação que se expandiu nos Estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Pará, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro. Este evento recebeu destaque como um dos melhores do ano pela ONU Mulheres da Espanha.

12 – Integrou a comissão organizadora do RS da I Marcha Nacional das Mulheres Negras que mobilizou mais de 100 gaúchas.

COJIRA-RIO

A COJIRA-RIO está em atuação desde 2003, quando passou a promover no mês de dezembro seminário vinculando a questão racial à promoção dos direitos humanos. Foram dezenas de encontros relevantes e merecem destaque:

– A participação da Cojira-Rio, juntamente com representantes do Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros e da Cojira-SP, no I Painel de Jornalistas Afro-brasileiros, no 32º Congresso Nacional de Jornalistas, realizado em Ouro Preto (MG).

– Os seminários “A mídia e a legislação contra a discriminação racial no Brasil: 15 anos da Lei” (2003); “Seminário Direitos Humanos, Imagens Negras e a Comunicação social: dialogando contra o racismo” (2005) e o Seminário “Papel da mídia na igualdade racial”; (2009). O encontro, em 2009, que teve como tema Comunicação e Ação Afirmativa: O Papel da Mídia no Debate sobre Igualdade Racial. Nesse ano, o colegiado participou ativamente da articulação para incluir a questão negra entre os temas da 1ª CONFECOM.

Outra iniciativa da COJIRA-RIO, de grande importância para estimular o aprimoramento da cobertura jornalística dos temas que interessam à população negra foi a criação do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento. Lançado em maio de 2011, se propôs a incentivar a cobertura jornalística sobre o combate às desigualdades raciais no Brasil, além de impulsionar nas redações em todo país a prática de um jornalismo plural com foco na promoção da igualdade racial. O Prêmio, que teve duração até 2013, contemplou reportagens produzidas para a mídia impressa, televisão, rádio, internet, fotografia, mídias alternativas e\ou comunitária e categoria especial de gênero.

A COJIRA-RIO também se destacou na produção do programa Rio-Afro, exibido em parceria com a Rádio Nacional no Rio de Janeiro e atualmente disponibilizado na rede radiofônica da EBC por todo território nacional.

COJIRA-DF

Em 2007 nascia a COJIRA-DF. Iniciativas arrojadas, como a série de programas sobre igualdade racial produzida e veiculada pela então Radiobrás, o Fórum de Igualdade Racial realizado em parceria com o Jornal de Brasília e uma edição especial do boletim NR, do Sindicato dos Jornalistas que tratou, exclusivamente, do tema igualdade racial fizeram a COJIRA-DF alcançar com certa rapidez reputação e reconhecimento junto a segmentos da sociedade e do movimento social brasiliense. A comissão de Brasília esteve diretamente envolvida em eventos de grande porte como a Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, promovida pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em 2009, e a 1ª Conferência Nacional de Comunicação Social (CONFECOM), também em 2009.

Durante a preparação da CONFECOM, a COJIRA-DF teve papel destacado na articulação, que viabilizou a aprovação naquele fórum de importantes propostas: a aplicação das diretrizes estabelecidas no Plano Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Planapir) e na Conferência Mundial contra o Racismo (Durban, 2001); a adoção de ações afirmativas na mídia; a realização de censo étnico-racial nas empresas do setor; a participação negra na composição de um futuro Conselho Nacional de Comunicação; a criação de um observatório para questões raciais; a inclusão de critérios que contemplem os quilombolas nas concessões de radiodifusão, e a destinação de parte das verbas do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) para o financiamento de projetos voltados à juventude negra.

Em parceria com outras entidades do movimento negro local, a Cojira-DF tem mantido um espaço semanal na editoria de Opinião do Correio Braziliense pra tratar da questão racial – dois integrantes da Comissão são responsáveis por coletar, revisar/editar e encaminhar os artigos ao jornal.

COJIRA-AL

A COJIRA Alagoas surgiu por influência da tese aprovada no 31º Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em 2004, em João Pessoa (Pb). Durante o I Painel de Jornalistas Afro-brasileiros, uma articulação da COJIRA-RJ, o Núcleo e a COJIRA-SP mostrou que já havia uma rede de jornalistas pela igualdade racial se estabelecendo. O próximo passo foi identificar na diretoria aqueles que eram sensíveis ao tema e mostrar com argumentos a necessidade e importância de se criar a COJIRA. Em novembro de 2007, a criação da Comissão foi aprovada por unanimidade.

Desde 13 de maio de 2008, que marcou a passagem dos “120 anos de abolição e resistência”, a COJIRA-AL mantém uma coluna semanal de 1\4 de página – a “Coluna Axé”, publicada às terças-feiras, na Tribuna Independente, o jornal diário de maior circulação no Estado, mantido pela Cooperativa de Jornalistas e Gráficos (JORGRAF).

Em novembro de 2008, realizou o Seminário “200 anos da imprensa no Brasil: avanços e desafios da mídia étnico-racial”.

Por 04 anos, de 2010 a 2013, no 20 de novembro, produziu o Encarte Afro Especial Axé, um tabloide com 08 páginas distribuído no jornal Tribuna Independente. Em 2013 articulou junto com o movimento negro de Alagoas a criação do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir) e ocupou a primeira presidência do órgão.

Integrou a Comissão Organizadora da etapa estadual da I CONFECOM, e da etapa estadual das duas últimas Conferências Nacionais de Promoção da Igualdade Racial (Conapir). Contribuiu com a divulgação do prêmio Abdias do Nascimento. Participou da mobilização do Curso de Gênero, Raça e Etnia para Jornalistas, realização da ONU Mulheres em parceria com a Fenaj.

DIRETORIA DE GÊNERO E IGUALDADE RACIAL – BA

A Diretoria pela Igualdade Racial da Bahia foi criada em abril de 2008 pela diretoria do sindicato daquele estado, o Sinjorba. Tem como uma de suas conquistas a aprovação pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, a inserção do quesito étnico-racial; na temática da CONFECOM e ainda a criação e moderação da lista permanente Seminário Mídia Étnica, como um canal de comunicação entre as COJIRAS e outras entidades interessadas em discutir comunicação, imprensa e racismo.

O Coletivo teve participação ativa nas etapas da Conferência Estadual de Comunicação da Bahia, realizada entre julho e agosto de 2008 e colaborou ainda na elaboração de propostas de recorte étnico-racial para a comissão de especialistas que subsidiou o MEC na revisão das diretrizes curriculares do curso de jornalismo.

COJIRA-PB

Em novembro de 2009 foi criada a Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial do Estado da Paraíba (COJIRA-PB). Mas, atualmente, o coletivo encontra-se desativado.

COJIRA-ES

Em setembro de 2014, foi criada a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial e de Gênero no Espírito Santo (COJIRA-ES), com objetivo de proporcionar o debate e a reflexão sobre a forma que o negro, a negra, as mulheres e os militantes LGBT são tratados como trabalhadores da comunicação e também como a mídia aborda as temáticas relacionadas a essas causas. Atualmente a Comissão encontra-se desarticulada.

COJIRA – Norte do PR

Em 2015 surgiu a COJIRA do Norte do Paraná, basicamente com formandos ou terceiranistas do curso de Jornalismo na UEL. Com o tempo, o coletivo ficou fragilizado e atualmente está inativo.

COJIRA-CE

A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Ceará foi criada em empossada em julho de 2019, sendo composta por diretores do Sindicato. Em setembro daquele ano, juntamente com a Comissão de Mulheres do Sindjorce, a Cojira-CE realizou o Curso Dandara dos Palmares – Gênero, Raça e Etnia na Comunicação, projeto contemplado por edital do Governo do Estado, com 50 vagas para jornalistas, radialistas, publicitários e comunicadoras e comunicadores populares. O curso de extensão universitária foi certificado pela Unilab e resultou na criação do site Negrê e do podcast Quilombas. 

COJIRA-PA

Em 2021, nasceu a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará (COJIRA-PA). A primeira reunião do coletivo aconteceu no dia 29 de novembro daquele ano. O encontro realizado através de uma live no YouTube, formalizou o lançamento da comissão, que tem o objetivo de ser um organismo de combate ao racismo dentro e fora da entidade.