FENAJ discute os desafios do jornalismo do Sul Global no 23º SBPJor

81

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) esteve presente no 23º Encontro da Associação Nacional dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor 2025) sediado na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nos dias 5, 6 e 7 de novembro. O evento reúne mais de 300 pesquisadoras e pesquisadores de todas as regiões do Brasil.

A 2ª Tesoureira da Federação e Diretora Executiva do Sindicato de Jornalistas do Paraná (SindijorPR), Marcia Raquel de Oliveira, participou da mesa de debate “Os desafios do Jornalismo na conjuntura política e econômica do Sul Global”, que abriu o 15º Encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo (JPJor).

A mesa também contou com a participação da professora e presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Kátia Brembatti, e com a moderação da professora Dra. Karina Gomes Barbosa, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Na quarta-feira (5) à noite, a diretora da FENAJ compôs a mesa de abertura do SBPJor 2025, ao lado de Felipe Simão Pontes, presidente da SBPJor, Ivan Bomfim, coordenador da SBPJor e do Departamento de Jornalismo da UEPG, e Ivo Mottin Demiate, vice-reitor da UEPG.

Marcia Raquel parabenizou toda a coordenação do evento que, além de reunir pesquisadores de todas as regiões do Brasil, contou com representantes de mais sete países preocupados não só com o futuro, mas principalmente com o presente e o dia a dia do jornalismo.

“Aproveito este espaço para destacar a importância da pesquisa e da ciência para entender os novos rumos do jornalismo  e também reafirmar a importância da nossa parceria com a SBPJor e da luta da Fenaj na defesa do jornalismo como um dos pilares da democracia”, disse.

Além do JPJor, o III Encontro Internacional de Pesquisa sobre Jornalismo (REIJOR), também integrou a programação do SBPJor 2025.

O exercício do jornalismo diante das desigualdades do Sul Global

Em sua fala na mesa de abertura do JPJor, Marcia Raquel destacou os desafios, contradições e avanços no exercício do jornalismo a partir do contexto político, econômico e de desenvolvimento que une os países do Sul Global.

Para a representante da FENAJ, o jornalismo do Sul Global tem a tarefa de resistir à hegemonia narrativa imposta pelo Norte Global, onde estão sediadas as principais agências de notícias, ao mesmo tempo em que tenta construir seus próprios instrumentos de produção e difusão da informação.

Por isso, Marcia Raquel destaca que a luta pela democratização da comunicação é uma das pautas centrais da Fenaj para garantir o exercício de um jornalismo livre.

Para fazer o enfrentamento à mídia hegemônica, que no Brasil historicamente permanece sob o domínio de poucas famílias, a Fenaj defende uma nova política de comunicação pública que envolva o fortalecimento do sistema público de comunicação; fomento a mídias comunitárias, populares e alternativas; regulamentação econômica da mídia, e o reconhecimento do jornalismo como um bem público essencial à democracia.

Ainda nos campo dos desafios, a diretora da Fenaj destacou a urgência no combate à precarização do trabalho jornalístico para o enfrentamento das desigualdades.

“Um jornalista precarizado é mais vulnerável a pressões, à censura, à autocensura e às fake news. E um jornalista nestas condições é impedido de exercer plenamente sua função social: garantir o direito à informação”.

Tecnologia e Inteligência Artificial

A regulação democrática das plataformas digitais que garanta transparência dos algoritmos,  remuneração justa pelo uso de conteúdo jornalístico, combate à desinformação organizada e políticas de incentivo à produção jornalística independente, também foi destaque na fala da FENAJ no SBPJor.

Nesse contexto, a Federação defende a taxação das big techs e redistribuição de recursos para o jornalismo profissional, por meio de uma Política Nacional de Fomento ao Jornalismo.

Compromisso social do jornalismo

Diante do cenário de desigualdades no Sul Global, Marcia destaca que fazer jornalismo ético significa tomar partido da dignidade humana, denunciando as estruturas de poder que promovem as injustiças sociais, o racismo, a misoginia, a LGBTfobia, o autoritarismo e a destruição ambiental.

“É preciso romper com o jornalismo centrado nas elites e construir uma prática comunicacional que ouça os territórios, que dialogue com os movimentos sociais, que valorize os saberes populares e as experiências comunitárias” , apontou.

A diretora da FENAJ destacou a potência criativa presente no Sul Global, que se apresenta em novas formas de jornalismo popular, indígena, negro, feminista, comunitário e ambiental que florescem por toda parte.

Por fim, Marcia ressaltou que a luta da FENAJ é por um jornalismo que rompa as fronteiras da dependência, que amplie as vozes do povo e que participe ativamente da construção de um novo pacto civilizatório, baseado na justiça informacional e na igualdade entre os povos.

Fotos: João Pimentel