Jornalismo não é simplesmente uma técnica. Tampouco é mera emissão de opiniões. Trata-se de uma ciência, cujo ensino universitário proporciona a formação de profissionais críticos, conscientes do seu papel social, comprometidos com a ética e com o entendimento acerca do poder da informação.
A avaliação é dos participantes da live “PEC do Diploma: uma necessidade para garantir a excelência na informação”, realizada nesta terça-feira (6 /05) pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Paraíba e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). O evento online, transmitido pelo canal de Youtube da FENAJ, marcou a atuação do Comitê Paraibano em Defesa do Diploma.
A presidenta da FENAJ, Samira de Castro, destacou as ações recentes da FENAJ e dos 31 Sindicatos filiados na reorganização da luta pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 206/2012, que restabelece o diploma de jornalismo como critério de acesso à profissão. “Lançamos uma campanha nas redes sociais, estivemos em Brasília, no corpo a corpo com os parlamentares e fazendo exposição de motivos perante as lideranças partidárias, e estamos dialogando com as instituições de ensino superior para agregar os estudantes e professores nessa luta”, informou.
Entre as debatedoras, a professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Margarete Nepomuceno, doutora em Sociologia da Cultura Jornalística, destacou que o fim da exigência do diploma em Jornalismo atendeu aos interesses do capital. “Essa situação acarreta uma desqualificação dos cursos de Jornalismo. Se passamos quatro anos dentro de uma formação para poder garantir um profissional ao mercado de trabalho, é preciso questionar a quem interessa (a queda do diploma) e o que é ser jornalista?”.
Para Margarete, é mais fácil manipular, silenciar ou vulnerabilizar a profissão de jornalista com o argumento de que se trata de uma atividade técnica. “A academia vem fazer o contraponto para dizer que Jornalismo é uma ciência. A gente faz pesquisa, a gente tem teorias e forma cidadãos mais críticos e comprometidos com o entendimento do poder da informação”, disse.
O presidente do SindjorPB, Land Seixas, destacou que a luta pela aprovação da PEC do Diploma é uma das muitas bandeiras que a FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas levantam em nome da qualidade da informação. “Temos uma grande luta depois do diploma que é a do Conselho Federal de Jornalista. Somos a única categoria de nível superior que não tem um conselho nacional e os conselhos regionais”, lembrou.
O vice-presidente Regional Nordeste I da FENAJ, Franco Ferreira, falou do trabalho do Sindicato e da Federação em contactar os deputados federais da bancada paraibana e conclamou a categoria e os estudantes a se somarem à luta pela aprovação da PEC 206/2012. “Não é um empenho só de nós jornalistas que estamos no batente, nem só de nós que estamos na condição de representantes da categoria. Por isso, tenho procurado conversar com meus colegas e com outros trabalhadores”, pontuou.
João Lucas Duarte, coordenador geral do Centro Acadêmico Vladimir Herzog, do Curso de Jornalismo da UFPB, afirmou que os futuros profissionais debatem a urgência da volta do diploma. “Vamos passar os quatros anos dentro de uma universidade, aprendendo os conceitos éticos, de um jornalismo que fuja de um padrão estabelecido que ignora os padrões estabelecidos para a sociedade”.
Para o futuro jornalista, a não exigência de formação superior específica “é uma ameaça à nossa soberania, ao nosso direito às liberdades individuais, sobretudo ao direito à informação”. “A gente vive hoje uma sociedade repleta de fake news e isso foi duramente massificado a partir dos avanços tecnológicos e das redes sociais. E vivemos uma sociedade, num governo de quatro anos que ameaçou todo o funcionamento de uma instituição que é o Jornalismo: agredindo, tentando ao máximo retirar direitos e silenciar. Porque a gente sabe que o Jornalismo tem um papel de guiar as mudanças sociais”, destacou.
