Nota de Repúdio – Jornalistas são cerceados por PMs em manifestação de povos tradicionais

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O Sindicato dos Jornalistas do Pará (SINJOR-PA) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudiam o cerceamento ao pleno exercício de profissionais da TV Liberal e do SBT, que, na última terça-feira (24), cobriam a manifestação de 450 famílias indígenas e quilombolas, que reivindicavam o fim do licenciamento ambiental da mineradora Norky Hydro, concedido pelo governo Helder Barbalho. Numa tentativa de silenciar as vozes dos povos tradicionais do Vale do Acará, em flagrante desrespeito à liberdade de imprensa, tais equipes foram retiradas das proximidades do movimento, sob a falsa justificativa de garantir a segurança das próprias, numa franca estratégia de impedir o registro da grande massa ali presente e afetar a imagem governamental.
A primeira equipe a ser removida das proximidades dos manifestantes foi a da TV Liberal, pela manhã. Pela tarde, o mesmo movimento de cerceamento ocorrera com a equipe do SBT.
Participaram da manifestação ribeirinhos, indígenas Tembé e Turiwara, e quilombolas das comunidades da Amarqualta. O protesto começou em frente à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), e pela tarde se estendeu ao interior do prédio, que foi ocupado pelas populações. Esses povos acusam o governo Hélder, grande entusiasta da COP 30, que no mesmo período participava do evento Casa Amazônia, em Nova York, vendendo a imagem de que apoia o desenvolvimento sustentável, a preservação da fauna, flora e dos povos amazônicos.
O mesmo governo que, segundo os manifestantes, permitiu que uma empresa opere instalando minerodutos dentro de territórios ancestrais, sem consulta prévia, colocando em risco o modo de vida dessas populações, que durante séculos são as principais guardiães do meio ambiente no Vale do Acará.
O Sinjor-PA ressalta que o artigo 5º da Constituição Federal assegura a liberdade de comunicação, assim como o artigo 220º garante a todo veículo de comunicação o desenvolvimento do trabalho sem qualquer restrição. Diante da flagrante violação de direitos, o Sinjor solicitará explicações ao Governo do Estado, da mesma forma como nos solidarizamos com os profissionais prejudicados e os povos tradicionais em protesto legítimo.