
Os cinco primeiros debates dos seminários regionais “Jornalismo, Sim!” encerraram com os eventos do Centro-Oeste e Nordeste. Organizadas pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), as atividades buscam debater uma proposta de taxação das grandes plataformas digitais para criação do Fundo de Fomento ao Jornalismo.
A segunda fase do ciclo de seminários terá mais cinco debates virtuais, um em cada região do país, discutindo a proposta da Federação com a sociedade civil organizada. O próximo debate será no dia 19 de agosto, com os movimentos sociais da região Nordeste.
“Se o jornalismo tem uma crise de credibilidade, tem também uma crise do modelo de negócio”, afirmou a presidenta da FENAJ, Maria José Braga. Por isso, a Federação apresenta para o debate uma proposta concreta para garantir a sustentabilidade de um jornalismo de qualidade no Brasil.
A proposta da Federação propõe a criação de uma CIDE – Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico, que propõe taxar as chamadas big techs entre 0,5% até 5%, de forma escalonada. Esse recurso seria a base de um financiamento público para o jornalismo, com um conselho gestor multissetorial, que poderá garantir a diversidade e pluralidade no jornalismo brasileiro.
Na região Nordeste, o debate ocorreu no último dia 3 de agosto, com a participação de Maria José, da FENAJ; Rubens Nóbrega, jornalista e editor do Blog do Rubão; e de Juliana Almeida, jornalista, radialista e professora da Universidade Tiradentes.
Rubens Nóbrega defendeu que a proposta de Fundo tenha recursos não apenas para atividade finalística do jornalismo, mas também para formação dos trabalhadores. “Observatório, agências e redes de checagem também poderiam ser contemplados nessa proposta”, afirmou.
Para a professora Juliana Almeida, a internet trouxe uma nova revolução, mudanças no setor, em que a regulamentação não veio em conjunto com o desenvolvimento tecnológico. “Com o crescimento das plataformas digitais, a gente não conseguiu ter uma perspectiva de democratizar a informação, estamos reféns dessas plataformas”, afirma.
Já no Centro-Oeste, o debate ocorreu no dia 29 de julho, com a participação da presidenta da FENAJ em debate com Jonas Valente, repórter da Agência Brasil e pesquisador sobre as plataformas digitais, e Laércio Portela, editor e cofundador do portal independente Marco Zero Conteúdo.
Para Laércio Portela, “é muito importante que esses recursos do fundo não sirvam aos governos, eles precisam fortalecer e consolidar o jornalismo”, disse. Para ele, as plataformas fazem parte dos problemas no modelo de negócio do jornalismo, é preciso discutir o papel delas e como elas devem contribuir.
O pesquisador Jonas Valente afirma que é preciso enfrentar o poder dessas plataformas, que se materializa na esfera econômica, política e cultural, e que também traz impacto para o jornalismo. “Existe um problema, um gargalo, uma capacidade que essas plataformas adquiriram de definir os fluxos informacionais e assim definir o que as pessoas vão acessar”, disse.
Para Jonas, é preciso proteger esse fundo para que ele não seja contingenciado pelo governo como acontece em outros fundos já existentes. Ele destaca que é necessário que a proposta seja amarrada para impedir que seja apenas um repasse de recursos às grandes empresas.
Confira no canal do Youtube da FENAJ todos os debates da primeira fase do seminário “Jornalismo, Sim!”: https://www.youtube.com/channel/UCBOaFfpAR48r40o9NMC901A
Próximos passos
A FENAJ e os seus sindicatos filiados continuam a debater, agora com sociedade civil, sobre a proposta para fortalecer o jornalismo e a democracia brasileira. Confira a agenda:
Região Nordeste – 19 de agosto – quinta-feira – 18h
Região Sul – 24 de agosto – terça-feira – 19h
Região Sudeste – 26 de agosto – quinta-feira- 20h
Região Centro-Oeste – 30 de agosto – segunda-feira – 20h30 (horário de Brasília)
Região Norte – 31 de agosto – terça-feira – 20h (horário de Brasília)





