Relatório de Violência – 2001

FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS – FENAJ
  RELATÓRIO SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS

  ANO 2001

 

–         AMEAÇA/AGRESSÃO

 

RICARDO GIUSTI, repórter-fotográfico do jornal Correio do Povo, de Porto Alegre (RS), é agredido por policiais militares do Batalhão de Operações Especiais. Além da agressão, os policiais tentaram impedi-lo de registrar o tumulto ocorrido durante uma partida de futebol em um estádio da capital gaúcha, no mês de maio.

 

RICARDO STUCKERT, repórter-fotográfico da sucursal de Brasília da revista IstoÉ, é agredido e ameaçado pelo ex-senador Antônio Carlos Magalhães (BA) na véspera da sessão do Senado em que o ex-parlamentar renunciou ao mandato, em maio. O fato se deu quando o jornalista fotografava simpatizantes do ex-senador que promoviam uma manifestação em favor dele na frente do prédio em que mora na capital federal. ACM agarrou o jornalista pelo braço e aos berros, com o dedo em riste, esbravejou, usando palavrões, que não queria ser mais fotografado.

 

ALZIRA COSTA, da rádio Vox, de Muritiba (BA), foi ameaçada e agredida pelo vereador João Pereira Gomes durante a cobertura da sessão plenária da Câmara Municipal da cidade, em outubro. O parlamentar, que é irmão do prefeito do município vizinho de Cachoeira, estava irritado com o noticiário político da emissora.

 

JESSÉ OLYMPIO, da sucursal de Barreiras do jornal A Tarde, de Salvador (BA), recebeu várias ameaças de morte através de telefonemas anônimos. As ameaças tiveram início em dezembro, após a publicação de uma série de reportagens com denúncias de irregularidades no projeto de assentamento Rio Branco, no município de Riachão das Neves, envolvendo funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e trabalhadores rurais.

 

 

–         ASSASSINATO

 

MÁRIO COELHO DE ALMEIDA FILHO, diretor administrativo e editor do jornal A Verdade, de Magé (RJ) foi assassinado em agosto sem que o crime tenha sido esclarecido. O crime aconteceu na véspera do depoimento dele à Justiça em um processo de difamação que estava respondendo.

 

 

–         PROCESSO/CONDENAÇÃO

 

MÁRIO QUEVEDO NETO, do jornal Folha do Sul, de Vilhena (RO), foi condenado em maio a quatro meses de prisão, pelo Tribunal de Justiça, em ação movida pelo juiz-corregedor de presídios Adolfo Teodoro Naujorks Neto. O jornalista havia feito reportagem denunciando a precariedade das instalações da cadeia pública de Vilhena, que, apesar de oficialmente interditada, abrigava detentos em condições totalmente inadequadas. A pena de prisão foi transformada em prestação de serviços comunitários.

 

MAURA FRAGA, jornalista de Vitória (ES), foi processada pelo ex-governador Max Mauro em razão do teor de várias notas publicadas no jornal A Gazeta, onde trabalhou a jornalista, relacionadas a ações de seu governo.

 

 

–         CENSURA

 

TRIBUNA POPULAR, jornal de São Lourenço do Sul (RS), teve toda a edição do dia 22 de julho apreendida  por decisão da Justiça local., que acolheu uma ação cautelar inominada de busca e apreensão apresentada pelo prefeito da cidade, Dari Pagel. A manchete daquele dia do jornal revelava que o prefeito era réu em uma ação e que poderia ter o mandato cassado ao final.

 

JORNAL PIONEIRO, de Caxias do Sul (RS), foi impedido em agosto pela Justiça local de publicar qualquer material relacionado ao seqüestro-relâmpago de um profissional liberal da cidade. A família da vítima entrou com ação na Justiça para impedir a divulgação do crime.

 

 

–         DENÚNCIA

 

USO DE FALSAS CARTEIRAS DE JORNALISTAS POR MILITARES. Agentes de órgãos de inteligência do Exército, infiltrados em movimentos sociais no estado do Pará, utilizavam-se de carteiras falsas de jornalista e passavam-se por profissionais de uma agência de notícias para acompanhar a movimentação de populares. O fato veio a tona através de denúncia publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em agosto.