O assassinato do jornalista e líder comunitário Geraldo Gonçalves Duque, o “Geraldinho Duque”, na noite de 25 de janeiro último, chocou e comoveu a cidade de Potim, no Vale do Paraíba. Ele tinha 61 anos e se notabilizara por iniciativas de cunho solidário e dedicadas às crianças, como a distribuição natalina de cestas básicas e brinquedos.
Duque foi covardemente atacado a tiros dentro de seu carro e diante de sua própria casa, quando chegava com a esposa. Decorridos quatro dias, não houve prisões e ainda não há pistas concretas quanto à autoria do homicídio. O jornal O Vale apurou que chegaram à Polícia Civil relatos de que o jornalista havia sido ameaçado em 2022, no seu local de trabalho, por um homem contra quem ele ajuizara um processo trabalhista.
Natural de Pindamonhangaba, Duque formou-se em jornalismo e em gestão pública. Mantinha no Facebook o vídeojornal diário Ação Regional, que abordava variados assuntos, como saúde e política. Na eleição municipal de 2024, candidatou-se a vereador de Potim pelo Partido Social Democrático (PSD), recebendo apenas 74 votos. Encerrada a apuração, ao manifestar sua frustração com o resultado, o jornalista acusou algumas candidaturas de praticarem crime eleitoral, sem no entanto citar nomes.
“Comprar voto, fazer boca de urna, pegar número de títulos de eleitor, doar cestas básicas, perguntar a cor da roupa na urna, ganhar eleição, e agradecer a Deus pelos votos recebidos??? é muita hipocrisia!!! Coitado do povo mais carente e sofrido de uma cidade, onde isso acontece”, denunciou ele no último dia 8 de outubro, na sua página pessoal no Facebook, em texto acompanhado por vídeo no qual teceu outros comentários. Além de agradecer a quem o apoiou na campanha, Duque desejou sucesso aos vereadores eleitos, mas enfatizou que “infelizmente ainda existe na nossa cidade a prática da compra de voto, a prática da boca de urna, a prática de pegar título das pessoas”.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) externam seu pesar e seu mais profundo repúdio à execução de Geraldinho Duque, solidarizando-se com a viúva Katia Cristina Cavalcante, as filhas do casal, netos e amigos.
Esse crime não pode permanecer impune, razão pela qual o SJSP e a Fenaj exortam a Polícia Civil a aprofundar as investigações em curso e, desse modo, obter a identificação de seus autores, para que sejam levados ao devido julgamento.
São Paulo, 29 de janeiro de 2025
SJSP
FENAJ