O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vêm a público manifestar profunda indignação diante da onda de fake news e ataques dirigidos às jornalistas Gabriela Biló e Thaísa Oliveira, da Folha de S.Paulo, por conta de reportagem relacionada à cobertura do dia 8 de janeiro de 2023.
É absolutamente intolerável que profissionais de imprensa sejam caluniados, convertidos em alvo de campanha difamatória e de tentativa de linchamento público por cumprirem aquilo que deles se espera em termos de exercício da profissão. Mais inadmissível ainda é que tais ataques se deem sob um regime democrático, cujo tecido depende sobremaneira de uma imprensa livre e atenta aos fatos de interesse público.
Entre os ataques virtuais contra as jornalistas, há a insinuação de que as profissionais seriam supostamente “responsáveis” pela prisão de Débora dos Santos Rodrigues, que vandalizou a estátua que representa a Justiça na Praça dos Três Poderes, ao entregarem os registros fotográficos e outras informações para o Supremo Tribunal Federal (STF). Além de se tratar de uma desinformação, tal ilação revela o absoluto desconhecimento sobre o livre exercício profissional e sobre a tarefa jornalística de produzir registros de interesse público. A referida condenada respondeu judicialmente por cinco crimes diferentes, incluindo tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e associação criminosa.
Nunca é demais relembrar, por sinal, que a invasão e a depredação das sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023 também culminaram na agressão de ao menos 16 jornalistas que trabalhavam na cobertura dos atos da extrema direita, segundo levantamento produzido pela Fenaj e pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). O livre exercício profissional, cerceado em 8 de janeiro, é mais uma vez ameaçado por aqueles que defendem o autoritarismo e o obscurantismo.
Nossas entidades sindicais não fecharão os olhos para ofensivas que busquem intimidar o trabalho dos e das profissionais da imprensa, comprometendo-se ainda a seguir cobrando das autoridades celeridade nas investigações desses casos. É preciso desestimular a cultura da violência contra jornalistas por meio de uma ágil e justa responsabilização dos algozes, sem impunidade.
O SJPDF, o SJSP e a FENAJ se somam ao conjunto das entidades que hoje repudiam os ataques contra as jornalistas Gabriela Biló e Thaísa Oliveira. Em contato com ambas, solidarizamo-nos com as colegas e colocamos nossas assessorias jurídicas à disposição das profissionais.
É necessário também que a Folha de S.Paulo, empregadora das jornalistas, garanta a segurança de seus profissionais durante as coberturas e realize a devida proteção contra as tentativas de intimidação e cerceamento.
É preciso, de uma vez por todas, dar um basta na violência contra jornalistas no país. Essa tarefa exige, de um lado, postura ativa das instituições do sistema de Justiça, para que haja efetiva apuração dos casos e a responsabilização dos agressores e, de outro, vigilância e comprometimento do conjunto da sociedade no sentido de repudiar todo e qualquer ato de agressão contra profissionais de imprensa.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF)
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP)
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)