Ao invadir e fechar a sucursal da Al Jazeera na Cisjordânia, Israel reitera que é um Estado colonial opressor, delinquente e inimigo do jornalismo

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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vêm a público para manifestar sua indignação e seu mais absoluto repúdio à violência cometida pelo Exército de Israel na madrugada deste domingo, 22 de setembro, quando um grupo de soldados armados invadiu as instalações da emissora Al Jazeera na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, e ordenou o fechamento da sucursal por 45 dias.

Trata-se de um novo atentado praticado por Israel contra o jornalismo e as liberdades democráticas. Rede de TV do Qatar, respeitada pela qualidade de seu jornalismo, a Al Jazeera vem sendo alvo de ataques do governo de Benjamin Netanyahu desde maio, quando o parlamento de Israel autorizou o primeiro-ministro a encerrar as atividades da emissora no país. Ocorre que, segundo os acordos de Oslo (1992), Ramallah encontra-se sob jurisdição da Autoridade Palestina.

“Os soldados mascarados invadiram os escritórios editoriais da estação e pediram ao seu diretor em Israel, o respeitado jornalista veterano Walid al-Omari, para desocupar as instalações imediatamente. ‘Há uma ordem de fechamento’, disse um soldado em um vídeo postado pelo canal. Para obter informações adicionais, o soldado disse que ele deveria entrar em contato com o comandante das forças israelenses na Cisjordânia”, descreveu um artigo publicado no jornal israelense Harretz.

Imagens da invasão da sucursal foram transmitidas ao vivo pela Al Jazeera. Depois, o noticiário da emissora exibiu imagens de soldados arrancando uma faixa em uma sacada do prédio da sucursal. Esse gesto dos militares israelenses não poderia ser mais cínico e brutal: a faixa continha uma imagem de Shireen Abu Akleh, a jornalista palestino-americana covardemente assassinada por Israel em maio de 2022.

A Associação de Imprensa Estrangeira em Israel e nos Territórios Palestinos declarou estar “profundamente preocupada com essa escalada, que ameaça a liberdade de imprensa”, e pediu ao governo israelense que reconsidere esse tipo de ação. “Restringir repórteres estrangeiros e fechar canais de notícias sinaliza um afastamento dos valores democráticos”, disse nota oficial sobre o novo ataque à Al Jazeera.

A União Geral de Jornalistas Árabes condenou igualmente a investida contra a Al Jazeera, denunciando que as forças de ocupação “confiscaram documentos e equipamentos, impediram que a equipe da Al Jazeera levasse consigo quaisquer documentos ou equipamentos de escritório, impediram-nos de utilizar os seus carros pessoais e impuseram um cordão de segurança na área”.

“Israel está pisoteando a lei internacional ao fechar um meio de comunicação em um território que ocupa ilegalmente”, declarou Anthony Bellanger, secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). A Assembleia Geral das Nações Unidas acaba de aprovar, por ampla maioria, resolução que exige o fim da ocupação israelense da Palestina dentro de 12 meses, acatando decisão da Corte Internacional de Justiça.

O fechamento manu militari das instalações da emissora em Ramallah ocorre em meio à continuação do genocídio na Faixa de Gaza, que já matou mais de 41 mil palestinos. Ocorre, em especial, quando Israel promove nova expansão criminosa de seus assentamentos na Cisjordânia. Desde 7 de outubro de 2023, quando ocorreu o ataque do Hamas a instalações fronteiriças à Faixa de Gaza, mais de 700 palestinos, na sua maioria jovens, foram assassinados na Cisjordânia por tropas de Israel e por colonos israelenses.

Israel já matou pelo menos 127 jornalistas e outros trabalhadores de mídia palestinos desde que suas forças armadas iniciaram a retaliação ao ataque do Hamas. O jornalismo é um alvo permanente do regime sionista, porque revela ao mundo os crimes de guerra e atos de barbárie perpetrados pelo Exército israelense contra a população civil. Ao invadir e fechar a sucursal da Al Jazeera na Cisjordânia, Israel reitera que é um Estado colonial opressor, delinquente, inimigo visceral do jornalismo e das liberdades democráticas.

Toda solidariedade ao povo palestino!

Fim da ocupação ilegal da Cisjordânia!

Cessar-fogo já em Gaza!

Fim do genocídio e que Israel se retire de Gaza!

Palestina livre do rio ao mar!

Ruptura das relações diplomáticas e econômicas do Brasil com o Estado de Israel!

São Paulo, 23 de setembro de 2024

SJSP

FENAJ