Falta legitimidade à SIP para falar de democracia

486
As manifestações da 68ª Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), realizada em São Paulo de 12 a 16 de outubro, geraram protestos de ativistas e entidades defensoras da democratização da comunicação da América Latina. Para o presidente da FENAJ e da Federação dos Jornalistas da América Latina e do Caribe (FEPALC), Celso Schröder, tal reação foi justa e conveniente, diante da postura conservadora e antidemocrática de integrantes da SIP.

“A liberdade de expressão e o direito da sociedade à informação não são propriedades dos donos dos veículos de comunicação”, dispara Schröder, condenando a tentativa da SIP de pressionar o governo brasileiro a se manifestar contra medidas na área de comunicação definidas em países como a Argentina, Venezuela e Equador, bem como no Brasil, com relação ao necessário debate e definições sobre o novo marco regulatório das comunicações.

“O comportamento dos barões da mídia, de buscarem desestabilizar governos democrática e legitimamente eleitos, ao contrário de contribuir com a defesa da liberdade de expressão, segue uma tradição que marca a trajetória da SIP, que apoiou diversos golpes militares na América latina os anos de 1970 e 1980”, lembra o presidente da FENAJ.

Ele lembra, também, que no Brasil grandes grupos de comunicação e suas entidades combateram e buscaram inviabilizar a realização da I Conferência Nacional de Comunicação, em 2009. “Está na hora dos empresários de comunicação abandonarem tais práticas e contribuírem efetivamente para o aperfeiçoamento do processo democrático”, avalia Celso Schröder.

O presidente da FENAJ aponta alguns caminhos: “se abrirem-se ao debate de um protocolo de segurança, apoiarem a federalização de crimes contra jornalistas, a elaboração de uma nova e democrática Lei de Imprensa, assegurarem melhores condições de trabalho, um piso nacional para os jornalistas e se dispuserem ao debate franco e aberto de um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil, ai sim, os empresários do setor terão legitimidade para empunhar bandeiras como as das liberdades de expressão e de imprensa, que nós sempre defendemos”. Do contrário, considera, persistirá a crise que envolve o jornalismo internacionalmente.