Federações condenam prisão em massa de jornalistas turcos

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A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e a Federação Europeia de Jornalistas (EFJ) condenaram, em comunicado emitido no dia 15 de dezembro, a invasão de policiais turcos ao jornal Zaman e à rede de TV Samanyolu resultando na prisão de 23 pessoas, incluindo jornalistas, editores e executivos de mídia. A batida policial foi parte de uma nova operação contra supostos partidários do líder religioso Fethulá Gulen, adversário do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Dois dias antes da ação da polícia antiterrorista, o presidente Erdogan anunciou uma nova operação contra o que ele classifica de “forças do mal” lideradas por Gulen, clérigo que está exilado nos Estados Unidos e que denunciou práticas de corrupção envolvendo empresários e políticos ligados ao governo turco.

Na operação, foram presos Ekrem Dumanli, editor-chefe do Zaman, um dos mais importantes jornais da Turquia, e diretores, produtores e jornalistas da rede de televisão Samanyolu, ligada a Gulen, que é acusado de estimular a organização de um “governo paralelo” na Turquia.

“Estamos horrorizados com este assalto descarado à liberdade de imprensa e à democracia turca”, disse Jim Boumelha, presidente da FIJ. “Um ano após a exposição de corrupção no seio do governo, as autoridades parecem ser exigentes em sua vingança, visando aqueles que expressam pontos de vista opostos”, completou.

Segundo o comunicado das duas federações, a Turquia tem sido o principal carcereiro de jornalistas, com mais de uma centena de prisões em três anos. “Este movimento contra os nossos colegas é, de fato, uma operação contra a liberdade e a democracia na Turquia”, disse Mustafa Kuleli, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas da Turquia.

O presidente da Federação Europeia de Jornalistas, Mogens Blicher Bjerregård, defendeu a ação do Conselho da Europa e de outras instituições intergovernamentais em relação à Turquia. Lembrando a recente assinatura de um memorando para construir uma nova plataforma sobre alertas precoces de ataques contra jornalistas, o jornalismo e a comunicação social, Mogens registrou que o ataque da polícia turca aos veículos de comunicação é um caso evidente de desrespeito ao documento. Precisamos que a comunidade internacional envie uma mensagem muito clara e firme para as autoridades da Turquia “, convocou.