FENAJ defende fortalecimento do jornalismo no Sul Global durante fórum internacional na China

244

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) teve participação de destaque no Belt and Road Journalism Forum 2025, realizado nos dias 18 e 19 de julho, na província de Jiangxi, China. Representada por sua presidenta, Samira de Castro, e pelo primeiro secretário, Moacy Neves, a entidade defendeu medidas estruturantes para o fortalecimento do jornalismo.

O evento reuniu cerca de 100 jornalistas e dirigentes de entidades representativas da comunicação de 50 países. Do Brasil, também participaramos os jornalistas da Associaçao Brasileira de Imprensa (ABI), Jamile Barreto, 2ª secretária do Conselho Deliberativo e integrante da diretoria de Igualdade Étnico-Racial, e Marcelo Auler, conselheiro do Conselho Deliberativo. Antes do fórum, entre os dias 15 e 17 de julho, os participantes visitaram locais históricos e empresas inovadoras nas cidades de Nanchang e Fuzhou.

No dia 18, os dirigentes participaram da mesa redonda entre jornalistas da China e da América Latina e Caribe, onde Samira de Castro apresentou a proposta da FENAJ para a taxação das big techs e a criação de um fundo público de fomento ao jornalismo, especialmente para garantir a sustentabilidade dos veículos independentes e comunitários. A fala destacou a urgência de políticas públicas que enfrentem a concentração do mercado digital e a crise econômica nas redações. Também participaram desse momento jornalistas e representantes de organizações da Argentina, México, Uruguai, Peru, Panamá, Cuba e Honduras.

Já no dia 20, a presidenta da FENAJ foi uma das 29 lideranças de organizações de mídia de todo o mundo a falar na mesa redonda dos jornalistas internacionais. Em espanhol, ela reforçou a necessidade de cooperação prática entre os países do Sul Global:

Para nós, da FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas do Brasil – o verdadeiro fortalecimento do jornalismo no Sul Global exige medidas práticas e estruturantes, como programas de formação, intercâmbios técnicos, apoio à sustentabilidade dos meios independentes, especialmente aqueles que atuam nas periferias da informação.

Em tempos de desinformação algorítmica e de concentração de poder nas mãos das grandes plataformas digitais, é essencial que construamos redes de solidariedade jornalística que valorizem a diversidade cultural, a soberania informativa e o interesse público.

Lembro-me da obra “O Pavilhão das Peônias”, do dramaturgo Tang Xianzu. Sua protagonista, Du Liniang, acredita tanto no sonho que viveu que ele se torna realidade. Assim também é o jornalismo no Sul Global: mesmo diante das dificuldades, mantemo-nos firmes porque acreditamos que outro modelo de comunicação é possível.

Que este fórum seja mais que um encontro: que seja o reforço de um caminho concreto para a construção de um novo pacto global pela verdade, pela justiça e pela liberdade de imprensa. Muito obrigada.

Além das falas políticas, a participação da FENAJ no fórum foi marcada pela valorização cultural e acadêmica: Samira e Moacy tiveram artigos selecionados para integrar duas coletâneas internacionais organizadas pela All China Journalists Association (ACJA): “First Impressions of Chinese Culture” e “Fresh Insights on Civilizations Dialogue”, com reflexões sobre intercâmbios culturais, jornalismo e diálogo entre civilizações.