Investigações sobre quebra de sigilo e suspeita de propina agravam escândalo

505

A Operação Satiagraha e sua cobertura pela imprensa ganha contornos cada vez mais preocupantes. No dia 19 de novembro, depoimentos à CPI dos Grampos e a revelação pela Folha de São Paulo de possível pagamento de propinas a envolvidos no caso aumentaram as expectativas em torno do escândalo. No dia 21, o juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo determinou à Polícia Federal a exclusão dos jornalistas da lista de investigados no inquérito. A FENAJ está acompanhando o caso das propinas e estuda fazer uma interpelação judicial.

Com seus trabalhos prorrogados por mais 60 dias, a CPI dos Grampos ouviu, no dia 19 de novembro, o procurador da República Roberto Dassié, sobre a possível quebra sem autorização judicial, pela Polícia Federal, do sigilo telefônico de jornalistas que cobriram a Operação Satiagraha, e o delegado Amaro Vieira Ferreira, que apura se houve vazamentos de dados sigilosos da Operação.

Dassié disse à CPI que o Ministério Público está apurando o pedido da PF à Nextel de quebra de sigilo telefônico de jornalistas da TV Globo que cobriram a prisão de suspeitos da Operação Satiagraha no dia 8 de julho passado. Ele afirmou estranhar que a PF tenha pedido informações sobre os aparelhos celulares na região das prisões para identificar possíveis grampos ilegais praticados por alguém da Agência Brasileira de Informações (Abin), pois a localização de antenas de celulares poderia ser obtida no site da Anatel. Também considerou que o vazamento de dados da Operação Satiagraha tem algum interesse implícito.

Já o delegado Ferreira negou a veracidade das denúncias de que jornalistas estavam sendo investigados e só se dispôs a dar mais detalhes em sessão reservada da CPI onde, segundo parlamentares, afirmou que o pedido tinha o objetivo de identificar quais antenas da Nextel estavam funcionando no dia da ocorrência para posterior pedido de quebra de sigilo de telefones.

Ainda no dia 19 de novembro, o jornal Folha de São Paulo publicou matéria atribuindo ao delegado Carlos Eduardo Pellegrini, da Polícia Federal, a revelação de que a PF encontrou no apartamento do banqueiro Daniel Dantas documentos que apontam pagamento, em 2007, de R$ 18 milhões “de propinas a políticos, juiz, jornalistas”.

Preocupada com tais revelações, a direção da Federação Nacional dos Jornalistas incumbiu seu assessor jurídico, Claudismar Zupirolli de estudar medidas jurídicas cabíveis para obter mais esclarecimentos sobre a denúncia de pagamento de propinas e de envolvimento de jornalistas no caso.” O delegado lançou suspeita sobre toda uma categoria. Precisa provar. Além disso, são muito graves as denúncias de grampos ilegais e violação do sigilo da fonte”, disse o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade.

A exclusão dos jornalistas da lista de investigados no inquérito, determinada pelo juiz Ali Mazloum ao Delegado da PF Amaro Vieira Ferreira, visou assegurar o direito do jornalista de acesso e divulgação de informações.