Os jornalistas brasileiros estão reagindo à ofensiva patronal que quer impor arrocho salarial aos trabalhadores do ramo da Comunicação. Ações judiciais, mobilizações, protestos, paralisações e greves vêm sendo utilizados pela categoria para frear a sanha por lucros e as tentativas dos donos da mídia de precarização do trabalho.
Em diversos Estados, as campanhas salariais não avançam por recusa das empresas em negociar ou por propostas de reajuste que vão de ZERO a, no máximo, metade da inflação (o que equivale a uma média de reajuste de apenas 5%). Os Sindicatos de Jornalistas enfrentam, além da crescente perda de postos de trabalho da categoria, dificuldades de negociação salarial em decorrência da estratégia nacional do patronato da mídia para acabar com direitos conquistados em convenções e acordos coletivos. Mas a categoria já demonstrou que não está disposta a engolir arrocho salarial.
No Ceará, o Sindicato dos Jornalistas (Sindjorce) promoveu, até o dia 27/09, a Semana de Mobilização, que incluiu visitas aos locais de trabalho, participação dos atos do Dia Nacional de Paralisação – Nenhum Direito a Menos, ativismo digital e um dia de luto nas redações. “Nosso objetivo é alcançar o reajuste salarial de 9,88℅ (inflação da data-base da categoria de mídia impressa), uma vez que as empresas ofereceram apenas 5%, com o retroativo parcelado em quatro vezes”, afirma a presidente do sindicato, Samira de Castro.
Em Alagoas, o Sindicato dos Jornalistas encaminhou requerimento ao presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-AL), solicitando o imediato prosseguimento do dissídio coletivo dos jornalistas. O Tribunal propôs o pagamento de 9,83% de reajuste para a categoria profissional. A proposta das empresas foi de 6%.
Diante do impasse da negociação salarial de 2016, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal também ajuizou pedido de dissídio coletivo após consulta às redações. Os patrões no DF insistem no reajuste de somente 5% nos salários dos jornalistas (quase a metade da inflação do período da data-base da categoria, de 9,91%). A retirada do retroativo, medida que acabaria na prática com a data-base, e a redução drástica na Participação dos Lucros e Resultados também fazem parte das propostas do sindicato patronal. Além da via judicial, o Sindicato dos Jornalistas do DF realizou uma Semana de Mobilização nas principais redações de Brasília.
Em Minas Gerais, após a mobilização dos jornalistas vestidos de preto e com paralisações, os representantes patronais mudaram sua atitude nas duas reuniões de mediação na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) realizadas no dia 23 de setembro: as rádios e televisões assumiram compromisso de voltar a negociar diretamente com o Sindicato e os donos de jornais e revistas se comprometeram a fazer uma nova proposta de reajuste salarial. Depois condicionaram a negociação salarial à aprovação, pela categoria, da retirada de dois direitos: o adicional por acúmulo de funções e o descanso de intrajornada. A proposta foi recusada pelos jornalistas em assembleia realizada no dia 28 de setembro.
No município do Rio de Janeiro, o Sindicato Patronal de Rádio e TV voltou a negociar com a nova gestão do Sindicato dos Jornalistas no dia 26 de setembro, mas não houve proposta sobre as questões salariais para 2016, sob alegação de que a convenção de 2015 ainda não foi fechada. O patronato insiste em não reconhecer a decisão sobre o Dissídio Coletivo no Tribunal Regional do Trabalho que, em dezembro último, deu ganho de causa aos jornalistas. Também reportaram-se muitas vezes à crise econômica para justificar a dificuldade em propor qualquer reajuste salarial em 2016. Nova rodada de negociação está agendada para o dia 7 de outubro.
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) tem nova rodada de negociações com o sindicato patronal de Jornais e Revistas do Interior, Litoral e Grande São Paulo no dia 6 de outubro. Os patrões propunham 3% de reajuste provisório retroativos a junho mais 5,83% somente em maio de 2017, apenas sobre os salários e sem contemplar os benefícios econômicos. O Sindicato dos Jornalistas apresentou, durante a sexta rodada de negociação, uma proposta alternativa de reajuste de 5% retroativos a junho e mais 5% a partir de janeiro do ano que vem nos salários e benefícios econômicos, como vale refeição e vale alimentação, além do pagamento de um bônus no valor de R$ 1 mil, dividido em duas parcelas, sendo a primeira neste semestre e a última até a nova data-base, além da garantia do emprego para todos os jornalistas até o dia 31 de maio de 2017. Já o julgamento do dissídio dos jornalistas de Rádio e TV será no próximo dia 5 de outubro (quarta-feira), às 15h30, no Tribunal Regional do Trabalho.
Com informações dos Sindicatos de Jornalistas