Insensibilidade e intransigência marcam a postura patronal nas negociações com os jornalistas. O ano de 2005 está se encerrando, mas em vários estados nem o clima natalino alterou esta situação. É o que se percebe nas campanhas da categoria em estados como Sergipe, Santa Catarina, e São Paulo, onde o único segmento ainda sem acordo é o de Rádio e TV.
Em Sergipe jornalistas vão às ruas expor sua realidade
É uma vergonha! Só agora, em dezembro, os empresários de comunicação apresentaram uma contra-proposta às reivindicações dos jornalistas de Sergipe. Sem abrir qualquer perspectiva de negociação, eles propuseram apenas o reajuste de 7%, o que elevaria o menor piso dos jornalistas brasileiros de R$ 684 para R$ 731. Tal proposta foi rejeitada pela categoria em assembléia realizada dia 22 de dezembro.
Disposto a alcançar maiores conquistas, o Sindicato dos Jornalistas do Sergipe iniciou a campanha salarial 2006 com antecedência. A data-base é janeiro, mas já em setembro a pauta foi entregue aos patrões. Sem acordo, o Sindicato buscará a intermediação do Ministério Público do Trabalho e da DRT/SE. E se prepara, também, para levar a dura realidade da categoria às ruas no início de janeiro, quando será posta em prática a campanha de esclarecimento à população. Um dos materiais questionará: “Você votaria para governador, senador ou deputado numa pessoa que humilha os trabalhadores da impr_nsa com o menor salário do Brasil?”.
Em SC proposta de Banco de horas emperra negociação
Com data-base em maio, os jornalistas de Santa Catarina aguardam com expectativa o encerramento da campanha salarial 2005, uma vez que as questões econômicas – que geralmente emperram as negociações – já estão resolvidas. O desejado acordo, no entanto, foi novamente frustrado em audiência de conciliação na DRT/SC, no dia 13 de dezembro. Isto porque, embora os representantes dos trabalhadores tenham cedido em algumas reivindicações, os patrões reapresentaram a proposta de banco de horas. Nova audiência na DRT está marcada para o dia 25 de janeiro. O SJSC, porém, desenvolverá esforços para que o entendimento seja alcançado antes deste prazo.
Empresas de Rádio e TV negam aumento real de 0,44% em SP
0,44% de aumento real: esta é a “gigantesca” diferença que emperra um acordo entre os jornalistas e patrões do segmento de Rádio e TV de São Paulo. Confirma-se, mais uma vez, a intransigência dos empresários de comunicação, após diversas negociações onde os trabalhadores cederam bastante em sua pedida econômica inicial. O SJSP fará nova tentativa de conciliação na Delegacia Regional do Trabalho no início de janeiro. Não havendo entendimento, será encaminhado o pedido de dissídio coletivo, para assegurar a data-base da categoria (1º de dezembro).
“Tudo isso é lamentável. Mais uma vez, rádio e TV, onde foram registrados resultados muito bons de crescimento do faturamento publicitário, apresentam a pior proposta para os jornalistas, comparando-se com outros três segmentos”, diz o presidente do SJSP, Fred Ghedini. E completa: “Um segmento que, sozinho, fatura 66% de toda a publicidade do país, não pode conceder 0,44% de aumento real para seus funcionários”.