Sindicato luta contra demissões nas TVs Cultura e Assembleia

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O futuro da TV Assembleia, que terá seu contrato rompido em 15 de fevereiro, conforme declarou o presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, vive momentos decisivos. Foram cinco meses de apreensão e incerteza. Os primeiros boatos de demissões em massa na TV Cultura, cortes de programas e rompimento de contratos, entre eles o da TV Assembleia, vieram à tona no mês de agosto. Durante todo período o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo atuou firmemente para que os trabalhadores não fossem prejudicados.

O Sindicato reuniu-se com o presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, para assegurar o direito funcionários. Além disso, uma grande corrente em defesa da Rádio e TV Cultura foi organizado com apoio de diversas entidades ligadas ao setor. A última investida foi realizada no dia 9 de novembro, quando o Sindicato protocolou pedido de audiência com o presidente da Alesp, deputado Barros Munhoz (PSDB/SP) para tratar do assunto. Em recente reunião do Conselho Curador da entidade, Sayad reiterou o rompimento de contrato. Deste outubro, estão descontinuadas as produções pela TV Cultura da TV Justiça (do Supremo Tribunal Federal) e a TV do Superior Tribunal Eleitoral (TSE).

O presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto de Camargo, Guto, disse que a grande preocupação sempre foi a manutenção dos empregos de dezenas de profissionais. “O principal é fazer com que os 112 trabalhadores que nela atuam não sejam prejudicados. Isso, sem falar do importante papel que cumpre a TV Assembleia a serviço da democracia, de levar a cobertura do desempenho dos deputados eleitos pela sociedade paulista”.

O deputado estadual, Adriano Diogo (PT/SP), que realizou discurso em plenário defendendo as TVs Cultura e Assembleia, solicitou que o presidente da Casa recebesse uma comissão para tratar do assunto. Para ele, a situação é preocupante.

“É cruel ver um corpo de profissionais de alto nível ser atingido no exercício da profissão. A TV Assembleia é um instrumento democrático que dá visibilidade aos projetos da Casa. Mesmo sendo uma transmissão em circuito fechado, para alguns ela é uma “pedra no sapato”. Para nós, da oposição, ela é a única forma de expressão, já que somos constantemente ignorados pela grande imprensa”.

Segundo ele, o que o chamou a atenção foi a escolha da data de rompimento de contrato, prorrogada para 15 de fevereiro. “Porque não 15 de março? A nova mesa de trabalho já estaria composta. O rompimento será realizado em pleno recesso parlamentar?”, questionou.

Para o representante dos funcionários da TV Cultura no Conselho Curador, José Maria Lopes, a questão está em fazer com que o presidente da Alesp assuma o papel de interlocutor da negociação. “Está claro que a Fundação Padre Anchieta não tem mais como arcar com os gastos da TV Assembleia. O que interessa saber é qual será o procedimento da nova Fundação que administrará a emissora e como os trabalhadores serão tratados”.

Indagado sobre os boatos de demissão o diretor da TV Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o jornalista Alberto Luchetti, afirmou que pretende manter o emprego dos funcionários que realizam a produção do canal legislativo, desde que mantenha sob sua responsabilidade o contrato de produção, como possuía com a Fundação Padre Anchieta, gestora da TV Cultura de São Paulo.

“Já assumi este compromisso com o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, o Guto (José Augusto Camargo) e também com o dos Radialistas para manter o emprego dos funcionários, caso permaneça com o contrato de produção da TV Assembleia”, diz Luchetti.

No entanto, Luchetti espera que o governador eleito, Geraldo Alckmin (PSDB) mantenha a produção da TV Assembleia através da Fundação Padre Anchieta. “Ele tem poderes de revogar uma decisão do presidente da Fundação, João Sayad e até mesmo pedir para o Conselho Curador para trocá-lo. É uma decisão meramente política”, diz ele.

Caso a TV Cultura não continue com a produção da TV Assembleia, como já declarou o presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, Luchetti diz que apenas duas fundações no Brasil estão habilitadas a produção televisiva: a Fundação Renato Azeredo, de Minas Gerais e a Fundação para o Desenvolvimento das Artes e Comunicação (Fundac), de São Paulo.

Luchetti é conselheiro da Fundac e realiza trabalhos para a Fundação Azeredo. “Não seria o ideal, mas caso a TV Cultura de fato não continue produzindo a TV Assembleia, uma destas entidades deverá fazê-lo. E tenho inserção junto a elas”.

Também foram cancelados os contratos com as TVs Justiça (ligada ao Supremo Tribunal Federal – STF) e a TV ligada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que realizou todas as campanhas institucionais para as eleições de 2010. A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de São Paulo, que votará o orçamento do estado para 2011, já deverá dar indicativos de que, de fato, haverá ou não recursos destinados para a TV Cultura continuar a produzir a TV Assembleia.

Fonte: site do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo