O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) se solidarizam ao jornalista paranaense Rodrigo Menegat, que teve seu nome envolvido em um escândalo nacional nesta terça-feira (25), depois de ser apontado como autor de suposto ‘hackeamento’ do aplicativo TrateCov, desenvolvido pelo Ministério da Saúde. A mentira provocou uma onda de ofensas e ameaças contra o profissional, que foi obrigado a trancar a conta no Twitter.
As acusações infundadas foram feitas pela secretária de Gestão do Trabalho do Ministério, Mayra Pinheiro, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado. O aplicativo foi lançado pelo Governo Federal para, teoricamente, ‘orientar’ profissionais quanto ao tratamento contra o coronavírus. Segundo as declarações da secretária, houve um registro policial para que a ‘infração’ fosse investigada.
Diferente do que foi apontado pela secretária na CPI da Covid, o que o jornalista, especializado em Jornalismo de Dados, fez foi tornar pública, em sua conta no Twitter, uma análise do código-fonte do TrateCov, mostrando que o aplicativo ‘orientava’ frequentemente o uso do mesmo coquetel para o tratamento da covid – que incluía medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina e a ivermectina.
O SindijorPR e a FENAJ repudiam a tentativa de criminalizar o trabalho do jornalista, que atinge toda a categoria e seu direito de profissional, em meio à maior crise sanitária brasileira. É lamentável que ao invés de buscar soluções para combater a doença, que já causou a morte de mais de 450 mil brasileiros, o governo Bolsonaro insista em apontar culpados e em desqualificar o trabalho de jornalistas, que mesmo mediante o risco de circular em plena pandemia, trabalham incansavelmente para levar informação à população.
A atitude da secretária, ao citar especificamente o jornalista, repete o mesmo padrão já adotado pelo presidente Bolsonaro, denunciado pela FENAJ e Sindicatos, de orquestrar ataques contra os jornalistas e o jornalismo, esquivando-se de assumir publicamente a própria responsabilidade diante da situação caótica em que se encontra o país – em uma clara afronta ao livre exercício da atividade profissional e a garantia ao direito à informação.
A direção do SindijorPR está em contato com o jornalista, que adotou medidas para resguardar a própria segurança e de sua família.
