
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) e a FENAJ manifestam seu repúdio em relação ao episódio ocorrido na quarta-feira, 15 de junho, que resultou na prisão do jornalista Matheus Chaparini, repórter do Jornal Já. No dia seguinte, dirigentes do SINDJORS e da FENAJ, acompanhados de parlamentares, pediram providências ao Ministério Público do Rio Grande do Sul.
Para as entidades, a atitude da Brigada Militar, de aplicar força física sem antes tentar estabelecer diálogo, representa a postura do governo de virar as costas aos interesses da população.
A prisão de um jornalista durante o exercício profissional mostra o tratamento que é dispensado a quem busca, através de seu trabalho, informar a população, em uma tentativa de inibir a atuação da imprensa na cobertura e esclarecimento dos fatos.
O SINDJORS e a FENAJ manifestam solidariedade ao jornalista Matheus Chaparini e a toda equipe do Jornal Já. O Sindicato se colocou à disposição do colega através da assessoria jurídica.
Já na quinta-feira, dia 16, houve uma audiência no Ministério Público do Rio Grande do Sul com o Procurador-Geral de Justiça do Estado, Marcelo Dornelles, para questionar a ação da Brigada Militar e a arbitrariedade das prisões a adolescentes e jornalistas durante a desocupação do prédio da Secretaria Estadual da Fazenda na quarta-feira, dia 15.
Participaram da reunião o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS), Milton Simas, os deputados estaduais pelo PT Adão Villaverde, Jeferson Fernandes, Luiz Fernando Mainardi, Miriam Marroni e Stela Farias e pelo PSol Pedro Ruas, os deputados federais pelo PT Maria do Rosário e Pepe Vargas e representantes do gabinete de Manuela d’Ávila (PCdoB). Também acompanharam o encontro estudantes que participaram da ocupação, pais e representantes de outros setores da sociedade.
Após ouvir o relato dos menores sobre como haviam ocorrido as abordagens policiais, Dornelles se comprometeu em apurar os excessos, embora declare que não considera correta a ação praticada pelos estudantes.
Em defesa do jornalista Matheus Chaparini, repórter do Jornal Já, que acompanhava o protesto e acabou sendo preso pelos mesmos crimes atribuídos aos demais jovens, Simas destacou que a atitude “fere a democracia, a liberdade de expressão e todos os direitos que nós defendemos”.
O presidente do SINDJORS entregou um ofício pedindo que sejam tomadas as providências na apuração do atentado ao exercício profissional sofrido por Chaparini. “Ele foi detido e acusado do crime de corrupção de menores mesmo depois de ter se identificado”, declarou Simas.
Sobre o caso
Matheus Chaparini realizava a cobertura da ocupação de estudantes ao prédio da Secretaria Estadual da Fazenda quando a Brigada Militar interviu. Durante a ação, os policiais usaram spray de pimenta e força física para deter os manifestantes e retirá-los do local.
Mais de 40 pessoas foram detidas na ação. Inicialmente o grupo foi encaminhado ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca). Lá permaneceram os menores de idade. Um grupo de dez pessoas com mais de 18 anos foi encaminhado à 3ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Porto Alegre, entre os quais Chaparini.
De lá, foram encaminhados ao Departamento Médico Legal (DML) para a realização da perícia. As dez pessoas foram indiciadas por corrupção de menores, organização criminosa, esbulho possessório, resistência à prisão, desacato de autoridades e dano qualificado ao patrimônio público.
Os homens foram encaminhados ao Presídio Central e as mulheres à Penitenciária Feminina Madre Pelletier. Mesmo Chaparini, que estava identificado como jornalista, foi preso.