Vencedores do Prêmio Vladimir Herzog denunciam ações que violam direitos humanos

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Ocorreu na noite desta segunda-feira (25) a cerimônia de entrega do 32ª Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, uma referência do jornalismo militante de direitos humanos. Mais de 300 trabalhos vindos de todo o País foram inscritos, mas somente 11 foram escolhidos, mais 21 menções honrosas publicadas em diferentes veículos: rádio, jornal, TV reportagem, TV documentário, TV imagem, fotografia, arte, revista, rádio e internet.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, José Augusto Camargo (Guto), uma das entidades organizadoras do evento desde 1979, data de sua criação, abriu a solenidade relembrando a importância histórica de Vladimir Herzog, assim como outros jornalistas e militantes, como Manuel Fiel Filho e Joaquim Câmara Ferreira, o “Comandante Toledo”.

Durante sua fala, Guto denunciou ações que ainda violam os direitos humanos que têm enfrentado grande resistência como a criação do Conselho Nacional de Comunicação, que está sendo implementada no Estado do Ceará. O sindicalista também fez homenagem e desagravo ao ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, presente na cerimônia. “Quero fazer um desagravo ao ministro Paulo Vannuchi por ter sido atacado e por ter sido alvo de críticas sem ouvirem suas indagações sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos”, disse.

“Assim, hoje estamos lembrando aqueles que lutaram pela derrubada da ditadura no futuro lembraremos esses que hoje lutam pela democratização da comunicação. Defendemos os jornalistas e o jornalismo no que fere a ética e a auto-estima profissional. A informação não pode ser tratada como bem privado da grande mídia. A informação é direito social que o Estado tem o dever de promover”, disse o presidente do Sindicato.

O presidente do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog, apresentou os vencedores da 2ª edição do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, que incentiva estudantes a pensar pautas vinculadas aos direitos humanos. Além de anunciar os vencedores ele divulgou o novo tema de 2011: “Coleta e tratamento de esgoto: um direito violado”.

O ministro Paulo Vannuchi agradeceu a solidariedade e reconhecimento do presidente do Sindicato dos Jornalistas durante sua fala. “Agradeço a extrema generosidade do seu gesto Guto, que é um jornalista militante dos direitos humanos. Um prêmio como este potencializa a ideia de continuar produzindo um bom jornalismo que prepara o país para que a violação de diretos humanos não ocorra mais”.

“Estamos há seis dias das eleições e independente do resultado precisamos ter consenso sobre este ponto. Pessoas como Vladimir Herzog e todos outros que para além do jornalismo tinham consciência política precisam ser relembrados sempre. A política de direitos humanos é um acúmulo que tem que ser assegurado como direito a memória da verdade, que precisa ser concluída, assim como o reconhecimento dos assassinatos, a reparação de retorno à vida pública de perseguidos e a indenização administrativa. É inadmissível que escolas públicas tenham nome de torturadores, isso precisa ser revisto. Nosso papel é lutar para que o Supremo reformule sua legislação e comece a jogar suas luzes nesta direção”, salientou Vannuchi.

Na sequência, os vencedores da 32ª edição que receberam os certificados de ganhadores.

Categoria Fotografia
Vencedor = Tortura em domicílio, de Guto Kuerten, Diário Catarinense
Menção Honrosa = De frente para o crime, de Weimer Carvalho, Jornal O Popular (Goiânia)
Menção Honrosa = Morta ao sair da delegacia, de Ney Douglas Marques, Empresa Novo Jornal – Rio Grande do Norte/RN
Jurados: Elvira Alegre, Amâncio Chiodi e Kiko Farkas

Categoria Rádio
Vencedor = Infância perdida, de Fabiana Maranhão, Sofia Costa Rego, Vanessa Beltrão e Vanessa Cortez, Rádio Jornal (PE)
Menção Honrosa = Desaparecidos… feridas que não cicatrizam, de Letícia Cardoso e Rodrigo Lira, Rádio CBN Vitória (ES)
Menção Honrosa = Poder que abusa, Carlos Morais, Fábio de Figueiredo Mendes, e Glynner Freire Brandão Costa, Rádio Jornal Recife AM 780 (Sistema Jornal de Comércio)
Jurados: Benê Rodrigues, Benê Correia e Oswaldo Luiz Colibri Vitta

Categoria Jornal
Vencedor = Crimes de maio, de Renato Santana, Jornal a Tribuna (Santos-SP)
Menção Honrosa = Diários da liberdade, de Paula Sarapu, Jornal o Dia (Rio de Janeiro)
Menção Honrosa = Inquisição – no rastro dos amaldiçoados, de Demitri Túlio, Luis Henrique Campos, Cláudio Ribeiro, Ana Mary C. Cavalcante e Fátima Sudário, Jornal O Povo (Fortaleza-CE)
Jurados: Sinval Itacarambi, Paulo Salvador e Rose Nogueira

Categoria livro
Vencedor = O Cardeal e o repórter – histórias que fazem História, de Ricardo Carvalho, Editora Global
Menção Honrosa = Não foi por acaso – A história dos trabalhadores que construíram a Usiminas e morreram no massacre de Ipatinga, de Marcelo Freitas, Comunicação de Fato Editora
Jurados: Professor Mario Sergio de Moraes, Maurice Politi e Mouzart Benedito

Categoria Internet
Vencedor = O Verbo se fez vida, de Inês Calado, JC Online
Menção Honrosa = Filhos do tremor – Crianças e seus direitos em um Haiti
devastado, de Marcelo Bauer (webdocumentário)
Menção Honrosa = Infância perdida, de Fabiana Maranhão, Sofia Costa Rego, Vanessa Beltrão e Vanessa Cortez, JC Online
Jurados: Gilberto Nascimento, Rodrigo Savazoni e Dácio Nitrini

Categoria Arte
Vencedor = Crime e Castigo, de Fernando de Castro Lopes, Correio Braziliense
Menção Honrosa = Fidel solta um passarinho, de SAMUCA – Samuel Rubens de Andrade, Diário de Pernambuco
Jurados: Professor Adolpho Queiroz, Marly Bolina e Elifas Andreato

Categoria TV/Reportagem
Vencedor = Infância roubada, Fabiana Maranhão, Sofia Costa Rego, Vanessa Beltrão e Vanessa Cortez, TV Jornal do Comércio (SBT)
Menção Honrosa = Combate à tortura – CDHM (parte 1 e 2), Hanna Costa, Adson Sousa Palma, Fábio Henrique Pedrosa, Luciana César Cordeiro Couto e Sebastião Vicente, TV Câmara
Menção Honrosa = Presídios – sobrevivendo no inferno, Thatiana Brasil, Célio Galvão e equipe, Rede de Televisão Record
Jurados: Dr. Belisario dos Santos Jr. , Raul Varassin e José Vidal Pola Galé

Categoria TV Documentário
Vencedor = Raça Humana, de Dulce Queiroz e equipe, TV Câmara
Menção Honrosa = Paredes pintadas, de Pedro Santos e equipe, TV UFSC
Menção Honrosa = Pistolagem: tradição ou impunidade?, de Paulo Garritano, Gélson Domingos e Carlos Alexandrino, TV Brasil
Jurados: Evaldo Dell’Omo, Nelma Salomão e Antônio Carlos de Jesus

Categoria Imagem
Vencedor = Rebelião Fundação Casa, de Carlos Velardi, EPTV/Rede Globo (Campinas)
Menção Honrosa = Série Sertão Nordestino, de Kaká Trovo (Carlos Renato Trovó), TV Clube/Bandeirantes (Ribeirão Preto)
Jurados: Evaldo Dell’Omo, Nelma Salomão e Antônio Carlos de Jesus

Categoria Revista
Vencedor = Escravas da moda, de Maria Laura Neves, Revista Marie Claire
Menção Honrosa = Grupos de extermínio matam com a certeza da impunidade, de Tatiana Merlino, Revista Caros Amigos
Menção Honrosa = Terra sem lei, de Carlos Juliano Barros , Revista Rolling Stones
Jurados: Magda Oliveira, Ana Trigo e Rivaldo Chinen

Categoria Especial – Saúde como direito do cidadão
Vencedor = Hanseníase: a marca do estigma, de Solange Calmon e equipe, TV Senado (DF)
Menção Honrosa = Feirão do aborto, de Eduardo Faustini e equipe, Programa Fantástico – TV Globo
Menção Honrosa = Amor nos tempos da Aids, de Pâmela Oliveira, Jornal O Dia (RJ)
Jurados: Roseli Tardeli, Dr. Samir Salman e Reginaldo Dutra

Fonte: site do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo