33º CNJ: defesa do diploma marca solenidade de abertura

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33_cnj2A defesa da formação específica em nível superior para o exercício da profissão deu o tom da solenidade de abertura do 33º Congresso Nacional dos Jornalistas, na noite de quarta-feira (20/08), em São Paulo. O evento, que prossegue até domingo, reúne cerca de 300 pessoas, entre representantes dos 31 sindicatos do País, observadores e convidados.

A mesa do ato de abertura oficial foi composta pelos presidentes da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), Jim Boumelha; do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo (FNPJ), Edson Spenthof; da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), Carlos Franciscato; da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual dos Jornalistas (Apijor), Paulo Cannabrava; da representação paulista da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Audálio Dantas (que também é vice-presidente nacional da entidade); e do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Schröder. Eles foram recepcionados pelos presidentes da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, e do SJSP, José Augusto Camargo.

Em sua saudação aos participantes, todos foram unânimes em destacar a necessidade de defesa da regulamentação profissional, que hoje tem como base o diploma em nível superior – cuja obrigatoriedade está sendo questionada em recurso do Ministério Público que está na pauta de votação no Supremo Tribunal Federal.

“Este Congresso acontece no marco dos 200 anos da imprensa brasileira e num momento em que a sociedade discute o papel da imprensa e a responsabilidade social do jornalista, cuja profissão tem regras específicas, estabelecidas através do diploma. E esta regulamentação dá as garantias mínimas para a dignidade no trabalho dos jornalistas e para a liberdade de imprensa e o direito à informação”, destacou o presidente do SJSP.

Pluralidade e evolução
Para Edson Spenthof, do FNPJ, a formação superior específica é o principal instrumento de acesso à profissão. “O jornalista faz a mediação técnica de opiniões e, por dever ético, não pode manifestar suas posições. É através deste preceito básico que o profissional, no seu trabalho, pode garantir a pluralidade e também a liberdade de imprensa”, ressaltou.

Já Carlos Franciscato, da SBPJor, lembrou que não se faz jornalismo por uma iniciativa individual, mas por uma organização coletiva. “O jornalismo vem sendo construído há mais de um século, acompanhando as transformações da sociedade. O risco de desconstrução legal da profissão é uma ameaça à evolução do jornalismo, porque levar informação de maneira série e qualificada é, antes de tudo, uma necessidade social”, afirmou.

Ações com movimentos sociais
O presidente da Apijor, Paulo Cannabrava, lembrou que em todo o mundo há ações pela desregulamentação total do Estado e a campanha contra o diploma se insere nesse contexto. “Nós, jornalistas, somos o elo mais frágil. Por isso, este Congresso, mais do que um espaço de reflexão, deve propor ações concretas em defesa do império da Ética, representado pelo diploma e pelo Conselho Federal dos Jornalistas”, enfatizou.

Celso Schröder lembrou que a luta pela democratização da comunicação foi desencadeada pelos jornalistas brasileiros e o FNDC é resultado direto de ações da FENAJ. “É hora dos movimentos sociais que se somaram ao FNDC ajudarem a FENAJ e os jornalistas na existência da profissão, porque a democratização da comunicação passa pela defesa inequívoca do diploma”, avaliou.

Garantia de direitos à sociedade
Lembrando que a criação de escolas de jornalismo foi proposta por Gustavo Lacerda, fundador da ABI, em 1908, Audálio Dantas disse que está sendo colocada em xeque esta conquista histórica da categoria. “A formação específica garante a qualidade da informação. Não se trata de corporativismo, como tentam convencer alguns, mas a formação tem um sentido mais amplo do que se pretende dar. Ela garante a liberdade de expressão e opinião, que pertencem à sociedade, e não a pequenos grupos”, afirmou o vice-presidente da ABI.

Já o presidente da FIJ, Jim Boumelha, disse que a campanha em defesa do diploma tem apoio da entidade. Ele enfatizou que a liberdade de imprensa é crucial em todos os continentes, para garantir os direitos democráticos. “E os direitos democráticos passam pelos direitos sindicais e de organização dos jornalistas em torno de uma profissão regulamentada”, completou.

“Não vamos nos dobrar”
Como último orador da solenidade de abertura do 33º Congresso, Sérgio Murillo resgatou a fundação da ABI, que à época tinha motivação sindical, porque defendia melhores condições de trabalho. “Cem anos depois, temos muito do que nos orgulhar. Foram inúmeras conquistas não apenas para os jornalistas, mas também para a sociedade. Por isso, não vamos nos dobrar. A defesa da formação específica é a principal luta dos jornalistas nos últimos 70 anos. E não podemos deixar que 11 pessoas nos façam retroceder 70 anos. O direito de ter uma profissão regulamentada tem coerência com o futuro deste País”, ressaltou o presidente da FENAJ, referindo-se aos 11 ministros do STF e à primeira regulamentação da profissão, que foi feita há sete décadas. “Não temos o direito de perder esta luta. Temos uma dívida com os fundadores da ABI, que há um século começaram a construir a profissão”, completou.

O 33º Congresso Nacional dos Jornalistas está sendo realizado no Novotel Jaraguá (rua Martins Fontes, 71). A programação completa pode ser conferida aqui.

Fonte: Site do SJSP