Cerceamento da atividade jornalística marca Dia da Imprensa em Corumbá

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No dia 1º de junho – Dia da Imprensa no Brasil -, integrantes da prefeitura de Corumbá (MS), agrediram e tentaram impedir a cobertura de equipes de reportagem de diversos veículos de comunicação que acompanhavam a soltura de dois dos integrantes da administração municipal que haviam sido presos por ordem da Justiça Federal durante a Operação Decoada. Acompanhe, também, a crítica do Sindicato dos Jornalistas de Goiás à tentativa do governador do estado de intimidar uma jornalista, e o posicionamento do Sindicato do DF contra a parceria entre a Agência Brasil e o jornal Valor Econômico.

Após cercear o trabalho do repórter Bruno Grubertt e da equipe da TV Morena/Rede Globo, o secretário de Ação Social e Cidadania de Corumbá, Haroldo Cavassa, e vários integrantes da equipe do prefeito Ruiter Cunha de Oliveira, entre eles Francisco Vieira Neto, (Nikito), – também citado na Operação Decoada -, ao perceberem que estavam sendo filmados, ameaçaram e tentaram agredir o repórter Otávio Neto (Jornal O Corumbaense), além de tentarem arrancar-lhe a câmera filmadora.

Não obstante tais agressões, na entrevista coletiva realizada no mesmo dia, o assessor de imprensa da prefeitura, Antonio Carlos Miranda dos Santos, disse ao repórter Eduardo Penedo, do Jornal O Estado MS, que, além dele, os jornalistas Silvio Andrade (Correio do Estado), Otávio Neto (Jornal O Corumbaense) e os radialistas Antonio Carlos e Junior Silva, ambos da Rádio Divisa FM, também não seriam bem vindos à entrevista coletiva.

Em nota emitida no dia 3 de junho, além de solidarizar-se com os profissionais, o Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso do Sul sustentou que “defende fervorosamente a liberdade de expressão como valor sagrado e basilar para a democracia e, principalmente, a ética no exercício do Jornalismo por compreendê-lo como uma poderosa atividade capaz de transformar a sociedade. E, é por isso, que reprova quaisquer tentativas de desrespeito, de censura ou que visem a coibir o exercício digno da profissão”.

A Operação Decoada investiga o envolvimento de integrantes de duas administrações municipais e empresários do Mato Grosso do Sul em fraudes em licitações, corrupção, desvio de recursos públicos e pagamento de propinas.

Intimidação a jornalistas é atentado às liberdades de expressão e de imprensa, diz Sindicato de Goiás
O Sindicato dos Jornalistas de Goiás criticou, em nota emitida no dia 5 de junho, a atitude do governador Marconi Perillo, de interpelar judicialmente a jornalista Fabiana Pulcineli, repórter e articulista do jornal O Popular, para que confirme assertivas feitas em dois artigos de opinião publicados nos dias 14 e 21 de maio. “O Jornalismo é uma atividade essencial à constituição da cidadania e qualquer tentativa de impedir sua realização fere o direito à informação e o direito à livre manifestação de pensamento, assegurados a todos os cidadãos na Constituição Federal”, registra o documento. Para a entidade, que se solidarizou com a jornalista e solicitou que Perillo reconsidere sua posição, a atitude do governador atenta contra as liberdades de imprensa e de expressão.

“O Sindicato dos Jornalistas de Goiás reconhece e defende o direito de todo e qualquer cidadão de recorrer ao Poder Judiciário em busca de justiça e reparação, mas não pode concordar com a intimidação a profissionais do Jornalismo, disfarçadas de ações para a defesa da imagem e da honra”, esclarece a nota.

Sindicato do DF critica parceria entre Agência Brasil e Valor Econômico
Em nota emitida no dia 28 de maio, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal criticou a parceria firmada entre a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e o jornal Valor Econômico para a troca de conteúdos entre este e a Agência Brasil (Abr). Segundo a direção do Sindicato, a EBC firmou a parceria sem discussão com os profissionais da Abr e com o Conselho Curador da entidade.

“O papel de uma empresa pública de comunicação é fornecer informações exatas e de qualidade aos cidadãos, mostrando a diversidade e a pluralidade do país e estimulando a reflexão sobre os temas de relevância e interesse da sociedade. Entre os grandes diferenciais das TVs, rádios e agências públicas estão não haver orientação segundo vontades de governos de plantão e objetivo de obter lucro, escapando da pressão dos anunciantes”, diz a nota, registrando que a parceria da ABr com o jornal Valor chancela um conteúdo produzido por um órgão de imprensa com finalidades lucrativas, sujeito à pressão dos anunciantes, e abrindo espaço “para que uma empresa comercial, atuante no mesmo ramo da agência, divulgue sua produção e sua marca em um veículo público, mantido pelo dinheiro da população”.

A entidade defende que a direção da EBC ouça os trabalhadores da Agência sobre o assunto, reconsidere a decisão e suspenda a parceria feita até uma decisão definitiva do Conselho Curador.