CFJ: a democracia exige a continuidade do debate!

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De repente, a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo virou assunto de grande importância à Nação, objeto de acordo entre Governo e oposição, para “destravar a pauta” do Congresso Nacional, como vem noticiando a imprensa nos últimos dias.

Desde sempre, temos dito que a criação de uma organização que reúna os profissionais jornalistas, para tratar de questões relativas à regulamentação profissional e ao exercí­cio ético da profissão, não pode ser tomado como questão de Governo ou de oposição. É uma politização indevida de uma questão profissional, uma politização que só interessa aos barões da mí­dia.

É importante acrescentar que o patronato, ao agir dessa forma, trata de forma equivocada um assunto para o qual deveria ter um outro olhar. Se o projeto do CFJ tem como objetivo aprimorar a profissão e por conseqüência, melhorar a imprensa feita no paí­s, as empresas deveriam apoiar a iniciativa. Afinal, elas utilizam o conteúdo jornalí­stico como chamariz para vender publicidade. Tendo um produto melhor, deixariam os clientes mais satisfeitos. Infelizmente, nem este raciocí­nio as empresas adotam.

Quanto mais precárias forem as condições em que os jornalistas trabalham, mais precárias serão as condições éticas para o melhor exercí­cio da profissão. E isto só deteriora a própria imprensa brasileira.

Da nossa parte, não aceitamos tal “acordo”, entre Governo e oposição. Vamos falar com os parlamentares, como temos conversado com o deputado Celso Russomano, autor do projeto de criação da Ordem dos Jornalistas, ao qual foi apensado nosso projeto, e solicitar que não aceitem qualquer acordo deste tipo. O deputado Russomano já se comprometeu em manter o seu projeto, independente de qualquer acordo. Esperamos que a maioria dos parlamentares tenha essa mesma posição e dessa forma, honrem o princí­pio democrático pelo qual foram eleitos.

É antidemocrático impedir que o debate prossiga. É antidemocrático impedir que o projeto de criação do CFJ – prestes a ser aprimorado com base nas sugestões recolhidas pela FENAJ em todo o paí­s e que serão aprovadas na sua reunião do Conselho de Representantes do próximo dia 13 – continue sua tramitação na Câmara.

Os argumentos apresentados até agora contra o Conselho são baseados em afirmações falsas, como a de que sua criação teria como objetivo censurar o conteúdo do material jornalí­stico. A recente manifestação do Conselho Federal da OAB, em apoio ao CFJ, deixa isso absolutamente claro. Portanto, a atitude da FENAJ, dos jornalistas e de todos os verdadeiros democratas, só pode ser uma: rejeitar esse acordo, manter o projeto, trabalhar pelo seu aprimoramento e pela sua aprovação no Congresso Nacional.

A Diretoria da FENAJ