Conferência Livre das Mulheres Jornalistas reúne quase 200 participantes e define propostas para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres

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Com presença da ministra das Mulheres, Márcia Lopes, evento histórico promovido pela FENAJ debateu combate à misoginia, igualdade salarial e representatividade

A 1ª Conferência Livre das Mulheres Jornalistas, promovida pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), reuniu quase 200 participantes de todo o país no último sábado (9/08) para debater políticas públicas voltadas à categoria e consolidar propostas que serão levadas à 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, prevista para ocorrer de 29 de setembro a 1º de outubro, em Brasília. Realizado em formato virtual, o encontro contou com jornalistas, lideranças sindicais, especialistas e autoridades, entre elas a ministra das Mulheres, Márcia Lopes.

O evento, organizado pela Comissão Nacional de Mulheres da FENAj, discutiu os principais desafios enfrentados pelas jornalistas no Brasil, como machismo estrutural, assédio moral e sexual, desigualdade salarial e a baixa representatividade feminina em cargos de liderança no jornalismo. A saudação inicial coube à secretária de Gênero, Raça e Etnia da FENAJ, Valdice Gomes; à presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), Vanja Andréa, e a secretária eleita de Gênero, Raça e Etnia da Federação, Germana McGregor.

“A comunicação é estratégica para fortalecer as políticas públicas e a democracia. Nosso ministério está aberto para dialogar e construir soluções que garantam a participação plena e o protagonismo das mulheres, especialmente no jornalismo, um setor fundamental para a cidadania”, afirmou a ministra Márcia Lopes.

A presidenta da FENAJ, Samira de Castro, destacou a importância de transformar as deliberações em ações concretas. “Estamos comprometidas em levar essas propostas à conferência nacional e a ampliar as campanhas e formações sobre violência e valorização das mulheres jornalistas. A misoginia é uma realidade que atravessa toda a sociedade, e é urgente enfrentá-la com políticas efetivas”.

A jornalista, escritora e militante feminista, Niara de Oliveira, chamou atenção para a narrativa misógina presente em parte da cobertura jornalística. “A linguagem que usamos para narrar as histórias importa. Precisamos romper com padrões que desrespeitam e invisibilizam as mulheres, e isso exige enfrentamento diário dentro e fora das redações”.

Entre as deliberações, a conferência aprovou a defesa da comunicação como um direito humano, com a regulação democrática da mídia e das plataformas digitais, garantindo controle social, responsabilização por práticas misóginas e mecanismos de denúncia, fiscalização, formação e educação midiática transversal para enfrentar a violência simbólica de gênero. Também foi aprovada a promoção de ações afirmativas para ampliar a presença de mulheres — especialmente negras, indígenas, quilombolas, LBTQIA+, periféricas e migrantes — nos espaços de decisão, fortalecendo a equidade de gênero na comunicação, nas pautas, produções, remuneração e cargos de liderança. Outra proposta central foi a implementação de campanhas permanentes e ações educativas voltadas à desconstrução de estereótipos de gênero e suas intersecções, valorizando vozes femininas diversas e promovendo uma cultura midiática baseada no respeito à diversidade e na defesa dos direitos humanos.

As participantes aprovaram moções em defesa da Lei da Igualdade Salarial (Lei 14.611/2023), da ratificação da Convenção 190 da OIT sobre violência e assédio no trabalho, do combate à precarização e à “pejotização” no setor, além do apoio à PEC do diploma para jornalistas, e de aplausos à companheira Kardé Mourão. As deliberações serão sistematizadas e apresentadas na 5ª Conferência Nacional, reforçando a presença organizada das mulheres jornalistas no debate sobre igualdade e democracia.