Representantes do movimento sindical dos jornalistas de mais de 100 países participam em Cádiz, na Espanha, do Congresso Mundial dos Jornalistas. Promovido pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), o Congresso, que tem como tema “Em contato com o futuro: Empregos, Ética, Democracia”, teve início nesta segunda-feira (24/05) e prossegue até sábado, simultaneamente às comemorações dos 200 anos da adoção da Constituição de Cádiz e da primeira Lei de Liberdade de Imprensa da Espanha, implementadas em 1810. Entre os temas em debate no Congresso Mundial dos Jornalistas estão a ética profissional e a organização sindical dos jornalistas, seus direitos trabalhistas, o impacto das novas tecnologias no cotidiano profissional, a igualdade de gênero e o futuro do Jornalismo diante das mudanças econômicas e políticas mundiais. Na abertura do evento, a vice-primeira ministra espanhola Maria Teresa Fernandez de la Veja destacou a íntima relação entre o Jornalismo e a democracia. “As decisões que afetam o futuro da mídia e do jornalismo terá um impacto sobre o futuro da democracia”, disse. Já o presidente da FIJ, Jim Boumelha, saudou as comemorações alusivas aos 200 anos da primeira lei espanhola sobre a liberdade de imprensa e destacou a importância deste tema para o futuro da profissão, uma vez que, segundo relatório da entidade, só em 2009 foram registradas as mortes de 139 jornalistas no exercício de suas funções. As agressões à liberdade de imprensa ocupam, nos debates do Congresso Mundial dos Jornalistas, espaço privilegiado em função das constantes agressões sofridas pelos profissionais de comunicação. O episódio de 23 de novembro passado, quando 29 jornalistas foram mortos na província de Maguindanao, nas Filipinas, foi denunciado como o maior massacre na história dos jornalistas. Nos debates houve críticas, também, a episódios envolvendo mortes de jornalistas em países como México, Iraque, Honduras, Rússia, Colômbia, e a cobrança da responsabilidade dos governos em coibir as agressões ao exercício da profissão. O enfoque crítico marca os debates do Congresso Mundial dos Jornalistas, ainda, nas relações entre os profissionais e os empresários do setor de comunicação. A postura empresarial de precarizar as relações de trabalho e penalizar os profissionais sob o argumento da crise econômica é identificada em todo o mundo, contribuindo para aprofundar a crise da mídia. “Alguns meios de comunicação tradicionais fizeram cortes drásticos na estrutura do jornalismo e incentivaram uma traição de normas éticas”, lembra o secretário geral da FIJ, Aidan White. “Dezenas de milhares de empregos foram perdidos nos últimos três anos”, completa. A delegação brasileira no Congresso da FIJ é composta pelos jornalistas Celso Schröder, Beth Costa, Guto Camargo, Suzana Blass, Déborah Lima e Ayoub Ayoub.
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