Direção do Sindjor-MS e Assessoria Jurídica reúnem-se com jornalista ameaçado em grupo de redes sociais

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O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS), Walter Gonçalves, e o secretário-geral da entidade, Gerson Canhete Jara, receberam, nesta segunda-feira (6), o jornalista Tero Queiroz, do site MS Notícias, de Campo Grande, e foi ameaçado de agressões por integrantes de um grupo de WhatsApp intitulado “Ser Policial por Amor”, que reúne policiais militares e simpatizantes da corporação. Também participou da reunião a assessora jurídica do Sindjor-MS, Fabiana Machado, que ofereceu aconselhamento jurídico ao jornalista associado.

O motivo dos ataques, relata Tero Queiroz, seria uma série de reportagens apuradas por ele e publicadas no MS Notícias, denunciando a execução, a partir de janeiro deste ano, de 13 pessoas, a maioria negros e pobres, suspeitos de crimes em bairros periféricos da capital.

Para o presidente do Sindjor-MS, a perseguição ao repórter decorre “da falta de compreensão pelos integrantes do grupo de que o papel da imprensa não é somente o de elogiar as ações dos policiais militares do Estado, pois redação de jornalismo, não é extensão da assessoria de imprensa da instituição”. “Quando a polícia erra, tem de ser cobrada também”, pontuou Gonçalves.

Por orientação da assessoria jurídica, o Sindjor-MS vai solicitar, judicialmente, o cancelamentos das contas em rede social do “Policial por amor” e notificar as ameaças à Corregedoria da Polícia Militar e ao Secretário Estadual de Justiça e Segurança Pública, em parceria com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos (Abraji), e ao CAODH (Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça dos Direitos Constitucionais do Cidadão, dos Direitos Humanos e das Pessoas com Deficiência, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul_.

O repórter foi orientado a lavrar boletim de ocorrência na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (DEPAC), formalizando o registro dos ataques para, assim, cobrar investigação pelo setor de crimes cibernéticos da Polícia Civil.

Ameaças

Desde que começou a apurar as execuções em série pela Polícia Militar, o repórter passou a ser seguido no Instagram pelo grupo “Ser policial por amor”, página em que as ações dos policiais militares de MS são sempre exaltadas.

Queiroz conseguiu também imagens (prints) do grupo WhatsApp, que comprovam as ameaças e ataques homofóbicos. Na tentativa de desqualificar o trabalho do jornalista, o administrador do perfil faz o seguinte ataque:


“Já que a donzelinha asquerosa gosta de expor nome de policiais envolvidos em confronto, pois o mesmo tomava leite da fonte de um dos vagabundos mortos, vamos retribuir a exposição. Respeitamos SIM, jornalistas que prestam um serviço informativo à população, mesmo que as vezes nos desentendemos nas opiniões. Agora, um zorba desse, formado pelas coxas, vir expor a segurança, a integridade física, e a vida de um Policial íntegro, só porque o mamazinho diário acabou, não aceitamos.”