A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os Sindicatos filiados realizaram, no dia 9/06, um Dia Nacional de Luta Pela Vacinação dos Jornalistas que estão na linha de frente da cobertura do coronavírus e fazem parte da categoria de trabalhadores considerados essenciais durante a pandemia, de acordo com decreto do governo federal. Os jornalistas ocuparam as redes e as ruas para pedir a inclusão da categoria no Plano Nacional de Imunização (PNI).

De acordo com o último levantamento do Departamento de Saúde e Previdência da FENAJ, desde o começo da pandemia, já foram registradas 235 mortes de jornalistas por Covid-19. Somente nesse ano, a média foi de uma morte por dia.

O protesto ocorreu presencialmente e virtualmente em várias partes do país e mobilizou jornalistas de diversas cidades. A ação também rendeu matérias em veículos de mídia e milhares de postagens nas redes sociais.

Em Pernambuco, no mesmo dia do ato, a prefeitura de Olinda anunciou que iria iniciar na segunda (dia 14/06) a vacinação dos jornalistas. Em suas redes sociais, o  prefeito Professor Lupércio (SD)  afirmou que serão contemplados jornalistas e radialistas que atuam em empresas localizadas na cidade. “A luta contra a pandemia não pode ser feita sem o trabalhador da imprensa, essencial para toda a sociedade”, afirmou o prefeito.

Apesar disso, o Ministério Público Estadual (MPE) vetou a vacinação alegando que a categoria não está incluída no PNI. A vacinação anunciada, por enquanto, está suspensa até a decisão final. Em nota, o  Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco(Sinjope) lamentou a decisão e informou que vai acionar o jurídico da entidade para tentar manter a vacinação.

Enquanto isso, estados como Bahia, Maranhão e Mato Grosso já iniciaram a vacinação da categoria.

Em Mato Grosso do Sul, a manifestação foi realizada em frente à Secretaria Estadual de Saúde (SES). Sob a liderança do presidente do Sindjor-MS, Walter Gonçalves Filho, manifestantes ocuparam o local com faixas pedindo a imunização de jornalistas. Ele entregou novo ofício ao titular da SES, Geraldo Resende, solicitando a inclusão dos profissionais de imprensa entre os grupos prioritários para receber a vacina. Na ocasião, o presidente da entidade também apresentou uma pesquisa realizada pelo sindicato que mostrou que cerca de 200 jornalistas do Estado foram infectados pela Covid-19 desde o início da pandemia, com oito mortes pela doença.

O secretário explicou que a coordenação do PNI deve se reunir nos próximos dias e ele afirmou que fará nova abordagem ao órgão federal para inclusão da categoria. Segundo ele, se o pedido for novamente rejeitado, ele vai tentar pactuar com os secretários dos 78 municípios do Estado para que abram uma exceção.

No Ceará, o Sindicato dos Jornalistas (Sindjorce) fez um ato simbólico em frente à Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Três carros de som rodaram as principais ruas da Capital cearense, mobilizando a população para a questão da vacinação da categoria. Integrantes da diretoria do Sindjorce, liderados pelo presidente, Rafael Mesquita, foram recebidos pela  titular da Assessoria Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Governo, Zelma Madeira. No encontro, foi renovado o pedido pela vacinação prioritária da imprensa cearense.

Em Alagoas, a diretoria do Sindicato dos Jornalistas (Sindjornal) realizou manifestação simbólica na frente do Palácio República dos Palmares, sede do Governo do Estado. Os dirigentes pintaram cruzes no chão, representando os jornalistas mortos na pandemia.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Acre (Sinjac), Victor Augusto, esteve na última quarta-feira (9) na sede da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco para defender a vacinação contra a covid-19 de todos os profissionais da imprensa, que seguem atuando mesmo durante a pandemia.

Victor Augusto disse que a conversa foi amistosa e no decorrer do diálogo surgiu a proposta de realizar um dia exclusivo de atendimento médico a estes profissionais. O sindicato também vai fazer um censo para atualizar os dados de todos os que estão atuando diretamente na cobertura para encaminhar o pedido de vacina às autoridades do estado.

Após o Dia Nacional de Luta pela Vacinação dos Jornalistas, integrantes dos sindicatos dos Jornalistas e Radialistas do Distrito Federal foram recebidos pela Secretaria de Atendimento à Comunidade do DF para tratar do assunto. A reunião foi um passo importante da categoria rumo à vacinação contra a Covid-19, visto que o jornalismo é considerado atividade essencial no Decreto Federal 10.288 desde 22 de março de 2020.

Durante o encontro, a secretaria solicitou aos sindicatos que informassem uma estimativa da quantidade de profissionais que precisam ser vacinados. Também pediu que as entidades apresentem critérios para a ordem de vacinação. Esses dados vão ser levantados pelos sindicatos que já estão entrando em contato com os veículos e assessorias para solicitar essas informações.

A presidenta da FENAJ, Maria José Braga, lembra que os números de óbitos na categoria são alarmantes e vem subindo, contabilizando quase uma morte por da. “Essa é uma reivindicação importante e justa, pois os jornalistas não pararam de trabalhar desde o início da pandemia, cumprindo seu papel  de levar informação à sociedade”, afirmou a presidenta em uma das entrevistas concedidas para falar sobre o Dia Nacional de Luta pela vacinação dos jornalistas.

A FENAJ também já entrou  com uma ação civil pública contra a União, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). A entidade reivindica a revisão do PNI e a inclusão dos profissionais de imprensa nos grupos prioritários de vacinação contra a covid-19.