A liberdade de imprensa atinge muitos interesses. Geralmente dos poderosos que, insatisfeitos, buscam cercear o livre exercício do jornalismo. É o que se pode perceber nos casos que Jorge Kajuri, Fred Ghedini, Aziz Filho, Murilo Fiuza de Melo, o metalúrgico Luiz Chaves e o Jornal Já, de Porto Alegre.
Sindicato do Rio organiza festa em apoio a jornalistas processados
O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro promove, no dia 8 de agosto, uma festa em favor da liberdade de imprensa. O evento pretende arrecadar fundos para a defesa dos presidentes do Sindicato do Rio, Aziz Filho, e de São Paulo, Fred Ghedini, do repórter Murilo Fiuza de Melo e do ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, Luiz Chaves, que estão sendo processados pela Lei de Imprensa.
Os três jornalistas e o metalúrgico são alvos de queixa-crime do empresário de comunicação Nelson Tanure , que se sentiu ofendido por matéria da revista Lide, editada pelo Sindicato do Rio. A matéria aborda a história do Jornal do Brasil que, hoje sob o comando do empresário, enfrenta dificuldades, contrata jornalistas irregularmente como pessoas jurídicas, sem carteira assinada nem acesso a direitos como o FGTS.
O presidente do Sindicato dos Jorn_listas de São Paulo e vice-presidente da FENAJ, Fred Ghedini, foi processado por afirmar que “Tanure é o grande predador da imprensa no Brasil. É um ser que destrói tudo aquilo que consegue pôr a mão.” Já Luiz Chaves por afirmar que Tanure “foi o maior inimigo da indústria naval e hoje é o maior inimigo da imprensa”, o presidente do sindicato dos Jornalistas do Rio, Aziz Filho, pelo “crime” de elogiar a reportagem em editorial e o repórter por escrever a matéria.
A FENAJ se solidariza com os colegas e já se colocou à disposição para apoiá-los no que for necessário.
Jornal Já é condenado a indenizar mãe do governador do RS
Em sentença proferida pelo juiz Giovanni Conti, o Jornal JÁ, de Porto Alegre, foi condenado a pagar R$31.654,33 à mãe do governador Germano Rigotto, Julieta Diniz Vargas Rigotto. A condenação por injúria e difamação, deve-se a matéria premiada pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI), sobre as circunstâncias da morte de Lindomar Rigotto, irmão do governador, assassinado em fevereiro de 2001 em Capão da Canoa.
O jornalista Elmar Bones, autor da reportagem “O caso Rigotto – Um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas”, publicada no Jornal Já em maio de 2001, abordou as conclusões de uma CPI gaúcha, onde o irmão do atual governador – indicado por ele para a Companhia estadual de Energia Elétrica (CEE) – foi apontado como responsável pelo desvio de recursos públicos. Em ações criminais anteriores, examinadas pela Justiça, Elmar foi inocentado. Os desembargadores consideraram que a reportagem preservava o interesse público.
Em nova ação, porém, agora por injúria e difamação, a empresa “Já Porto Alegre Editores” – e não o jornalista, que é diretor do Já – foi condenada. Em Intimação recebida no dia 12 de julho, o jornal teria 24 horas para saldar o débito ou ter seus bens penhorados. Bones declarou-se surpreso: “Não entendo como a mesma matéria pode ter duas sentenças opostas”.
A empresa Já Porto Alegre Editores emprega 22 profissionais e edita um site e os jornais Já Porto Alegre (com circulação mensal de reportagens e idéias) e Já Bom Fim-Moinhos (jornal comunitário de distribuição gratuita). Com poucos recursos, a empresa pode ir à falência em função desta condenação.
Coincidentemente a RBS está lançando um jornal gratuito no mesmo bairro, também com distribuição gratuita e anúncios por preços inferiores. “Podem dizer que é o mercado, mas não acreditamos em coincidência” disse o jornalista Renan Antunes de Oliveira, que também trabalha no Jornal Já e foi vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo 2004.
STJ mantém Kajuru em liberdade
Recente tentativa de Jaime Câmara Júnior e do jornal O Popular de suspensão de liminar concedendo habeas corpus ao jornalista Jorge Kajuru foi rejeitada pelo Superior Tribunal de Justiça. O presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, justificou que o pedido é incabível. O jornalista prossegue em liberdade, que só perderá se houver posição em contrário no julgamento do mérito da ação.
Kajuru havia sido condenado a dois anos e seis meses de prisão em regime semi-aberto por criticar um contrato entre o governo de Goiás e a TV Anhanguera. A queixa-crime foi interposta pela Organ_zação Jaime Câmara, que se sentiu difamada. O jornalista recorreu, pediu habeas corpus e aguarda nova sentença.