Em 1975, dias depois do assassinato sob tortura de Vladimir Herzog, uma assembleia de estudantes do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul decidiu dar o nome desse jornalis-ta a uma sala do então Diretório Acadêmico de Biblioteconomia e Comunicação. Uma placa foi confeccionada e colocada no órgão representativo das universitárias e dos universitários dos cursos da faculdade. Durou pouco. No dia seguinte, já havia sido retirada por quem apoiava a ditadura civil-militar vigente no país desde 1964.
Agora, passados quase 50 anos da morte de Herzog, estudantes daquela época e da atualidade vão colo-car uma nova placa registrando o ocorrido e preservando a memória das e dos que defenderam a democracia e os direitos humanos. Com arte do cartunista Neltair Rebés Abreu, o Santiago, a placa traz o texto: “Em 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado sob tortura nas dependências do Exército. Vlado defendia a democracia e combatia a ditadura. Em sua honra, os e as estudantes da Faculdade de Bibliotecono-mia e Comunicação da UFRGS deram seu nome à sala do diretório acadêmico. Na manhã seguinte, a placa foi arrancada pela direção da faculdade, a mando da ditadura. 50 anos depois estamos aqui novamente. Para que não se esqueça, para que nunca mais se repita. Ditadura nunca mais!”.
O evento Vladimir Herzog 50 anos—Fabico Presente! vai marcar a passagem do Dia do Jornalista, co-memorado em 7 de abril, prestando um tributo ao jornalista assassinado em São Paulo, no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de repressão subordi-nado ao Exército. No programa, além do descerramento da placa alusiva, haverá um debate sobre o papel de Vladimir Herzog na construção de um jornalismo ético, profissional e comprometido com a defesa da democra-cia e dos direitos humanos. Vai ser no Auditório 1 da Fabico, no dia 8 de abril, a partir das 9h. Além de repre-sentantes do Diretório Acadêmico da Comunicação e do Centro Acadêmico de Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, participam:
– Ana Taís Martins, diretora da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação;
– Eduardo Meditsch, professor universitário e pesquisador, uma das principais referências em estudos de rádio e em teorias do jornalismo, integrante do grupo de estudantes que, em 1975, participaram daquele protesto contra a ditadura;
– Marcia Turcato, jornalista, autora do livro Reportagem: da ditadura à pandemia, integrante do grupo de estudantes que estava na Fabico em 1975 e uma das articuladoras do evento;
– Roberta Baggio, presidenta da Comissão da Memória e da Verdade Enrique Serra Padrós, criada para analisar as arbitrariedades cometidas durante a ditadura na UFRGS;
– Sérgio Gomes, diretor da OBORÉ – Projetos Especiais em Comunicações e Artes e integrante do Con-selho Deliberativo do Instituto Vladimir Herzog.
A mediação será do professor do curso de Jornalismo Luiz Artur Ferraretto.
Data: 8 de abril de 2025
Horário: 9h às 11h30 min
Local: Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Rua Ramiro Barcelos, 2.705 – Auditório 1
Bairro Santana – Porto Alegre – RS
Por Carla Costa Bomfim