O impedimento ao livre exercício do Jornalismo no Paraná vem se transformando numa prática constante. Infelizmente isso vem sendo estimulado pelo mal exemplo dado pela principal expressão do poder executivo no estado, o governador Roberto Requião. O Sindijor/PR, vem tentando, sem sucesso, por um fim aos destemperos do governador – que é jornalista formado pela PUC/PR – e seu péssimo relacionamento com a imprensa. Considerando inaceitável tal postura, a FENAJ e o Sindijor/PR denunciam o autoritarismo e tornam públicos os fatos deploráveis registrados até o momento.
Saiba mais Abril de 2003 – O governador, insatisfeito com críticas que recebia, “pede a cabeça” do jornalista Pedro Ribeiro, do jornal O Estado do Paraná. O presidente da empresa, Paulo Pimentel, na época presidente da Copel (empresa de economia mista do governo do Estado) atendeu ao pedido.
Setembro de 2003 – Em intervalos da programação da emissora pública RTVE é apresentado o tape de uma matéria dos jornalistas Zeca Marquetti e Carolina Wolf, da TV Paranaense (Grupo RPC) sobre os efeitos do fechamento das casas de bingo, promovido pelo governo do Estado. A matéria era taxada como “jornalisticamente mal conduzida”. Em declaração ao Sindijor, o secretário de Comunicação, Ayrton Pisseti, afirmou que o governo iria se manter em “estado permanente contra tudo o que o governo considerar como material jornalisticamente mal conduzido”.
Dezembro de 2003 – O Governo abre espaço na RTVE para revidar a matéria “O homem do ano”, do jornalista Ricardo Sabbag, publicada na Gazeta do Povo no dia 9/10/2003. A matéria criticava o uso da TV pública para a promoção política e o culto da personalidade do governador. Para dizer que não há ingerência política na TV, o governador apela para aquilo que a matéria denuncia.
Janeiro de 2004 – A Folha de S. Paulo, após ter mostrado que o governo anterior (de Jaime Lerner), era pródigo na nada ética prática de compra de matérias não identificadas em jornais, mostrou em matéria que Requião, em sua primeira administração, em 1991, havia feito o mesmo. Requião tratou de desqualificar a matéria.
Janeiro de 2004 – A jornalista Norma Sueli Correa de Paula, que trabalhava na Comunicação Social do governo do Estado, foi demitida por telefone. O motivo: procurar o Sindicato dos Jornalistas para reclamar dos três meses de salários atrasados. A situação de muitos jornalistas que trabalham no governo é incerta e precária. Na RTVE, dezenas de profissionais trabalham sem qualquer vínculo formal, sendo remunerados por cachê.
Fevereiro de 2004 – O governo faz publicar – sem explicar quem pagou – na capa de alguns jornais do Estado um anúncio sobre “As sete mentiras da Gazeta do Povo sobre o Plano de Carreira dos Professores do Paraná”, dizendo que eram “mentiras” informações publicadas no jornal. O governo não faz nenhum “esclarecimento” sobre eventuais equívocos que o jornal possa ter cometido na cobertura, apenas trata de desrespeitar profissionais. Na mesma ocasião, jornalistas da Gazeta do Povo disseram que estariam sendo boicotados no atendimento da Comunicação Social do governo do Estado, o que foi negado pela assessoria.
Março de 2004 – Após publicar uma matéria mostrando que investidores internacionais criticam a anulação pelo governo paranaense do leilão do capital da empresa de saneamento do Estado (Sanepar), firmado pelo governo anterior, a revista Época foi classificada pelo governador como “canalha”.
Abril de 2004 – Ao ser questionado pelo jornalista Fábio Silveira, do Jornal de Londrina (do Grupo RPC, o mesmo da Gazeta do Povo), Requião, que participava de uma inauguração no município de Centenário do Sul, desligou o gravador do profissional e torceu-lhe o dedo. Diante da intervenção de uma colega, que tentou pôr fim à agressão, Requião respondeu “Não quebro o seu, minha flor, mas homem eu trato como homem”. A agressão física ao jornalista parecia o fim da série de hostilidades, que, no entanto, continuou.
Dezembro de 2004 – Nova diat_ibe contra a revista Época: reações destemperadas numa entrevista à CBN a uma matéria da revista que mostrou os exageros da comitiva que o acompanhou numa viagem a Nova York. Voltou a chamá-la de “canalha”.
Setembro de 2005 – Em reunião com prefeitos, ofende o jornalista Luiz Geraldo Mazza, comentarista da Rádio CBN Curitiba e do jornal Folha de Londrina. Diz que o jornalista, um crítico de ações do governo, é senil e incapaz de saber o que dizia.
Outubro de 2005 – Cria o “antiprêmio” Severino Cavalcanti, uma grotesca chacota com a imprensa não-alinhada no Estado. Trata-se de uma escultura com um corpo de rato e a cabeça do ex-deputado Severino Cavalcanti que seria dada ao “pior da imprensa” no Estado; o primeiro indicado foi o Grupo RPC.
Outubro de 2005 – No mesmo dia (25 de outubro), Requião foi extremamente ríspido e grosseiro com os profissionais que o entrevistavam após a reunião com o secretariado e, em Cascavel, no Oeste do Estado, ao ver os profissionais da imprensa cumprindo seu papel, perguntou: “o que está cachorrada quer aqui?”. Comentou que os jornalistas “só fazem perguntas idiotas” e disse que gostaria de devolver seu diploma de jornalista (Requião é formado pela PUC-PR).
Outubro de 2005 – Diante do mal-estar criado pela declaração de Requião, houve uma proposta de se promover um “jantar de pacificação” entre o governador e os jornalistas de Cascavel. Requião respondeu: “Tudo bem, mas eu pago a conta. Vou trazer ração Bonzo para a cachorrada miúda”.
Novembro de 2005 – A revista Exame publica matéria sobre a situação no Porto de Paranaguá, onde haveria problemas gerenciais. Requião sugeriu publicamente a seu irmão Eduardo, superintendente do porto, que mandasse a revista ao inferno.
Entidades do Paraná denunciam cerceamento ao exercício do Jornalismo
No dia 9 de dezembro, o Sindijor/PR e a Arfoc-PR protestaram contra o cerceamento à liberdade de expressão patrocinado pelo diretor da Força Livre Motorsport, Roberto Gregoris, contra o repórter fotográfico Marcelo Elias, do jornal Gazeta do Povo. No dia 4 de dezembro, quando cobria o Festival Força Livre de Arrancada, em Curitiba, Elias foi impedido de registrar um acidente. Gregoris ameaçou retirar o equipamento do profissional e chamou um segurança para expulsá-lo do local.
O argumento técnico para a iniciativa truculenta foi que o repórter estaria em uma “área de risco”, vedada à circulação de pessoas estranhas à organização. No entanto, outros profissionais free-lancers estavam mais próximos do local da ocorrência e fizeram a cobertura sem nenhuma interferência. As entidades protestaram formalmente junto à Força Livre Motorsport contra a atitude autoritária.