Os registros de violência contra jornalistas no Brasil continuam crescendo. No dia 17 de março, o repórter fotográfico Jaime Souza foi agredido em Belém. Já no dia 25, em Salvador, a presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) e diretora da FENAJ, Kardelícia Mourão, foi vítima de um panfleto apócrifo. Tais atentados evidenciam a importância da Campanha Nacional em Defesa da Liberdade de Imprensa, lançada pela FENAJ em junho do ano passado. O relatório de uma pesquisa realizada pela Federação está em fase final de elaboração.
Jaime Souza foi agredido por Marcelo Luttier – acusado de assassinar a menor Bruna Leite – no Instituto de Perícias Científicas Renato Chaves, em Belém. O agressor é reincidente. No ano passado agrediu, também, a repórter fotográfica Camila Lima. Em nota_de repúdio ao ato, o Sindicato dos Jornalistas do Pará “chama a atenção das autoridades para acusados de crimes que se escondem atrás de supostos problemas mentais para escapar do peso da Justiça”.
A agressão contra a sindicalista Kardé Mourão veio revestida de anonimato. Durante o 3º Encontro Estadual da Corrente Sindical Classista (CSC), ocorrido em Salvador, um rapaz distribuiu exemplares de um panfleto apócrifo com inverdades sobre a atuação da jornalista. Ao ser abordado, ele recusou-se a falar. E ao ter os panfletos tomados de sua mão, ele reagiu. Após grande tumulto o desconhecido foi embora.
Demitida arbitrariamente pela atual diretoria do Conselho Regional de Farmácia da Bahia – CRF-BA, após 15 anos de exercício da função de assessora de imprensa, Kardelícia prossegue lutando por sua reintegração. Todas as tentativas de diálogo feitas pela CUT, FENAJ e Sinjorba com a direção do CRF-BA foram frustradas. O caso aguarda decisão judicial.
Coibir a violência
No lançamento da Campanha Nacional em Defesa da Liberdade de Imprensa, em 1º de junho passado, a FENAJ promoveu, juntamente com os sindicatos filiados, uma pesquisa na categoria sobre Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos. Além da denúncia dos casos de violência, o relatório em elaboração subsidiará o aprofundamento da política de defesa do profissional e do jornalismo.
Carmen Silva, da Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da FENAJ, considera que só os casos mais graves de violência contra jornalistas ganham publicidade, mas que há situações até mesmo dentro dos locais de trabalho que precisam ser coibidas. “Com a campanha, queremos envolver os jornalistas e fazer com que incorporem a seu cotidiano o hábito da denúncia”, diz , destacando a importância da participação das entidades e dos profissionais em eventos e campanhas de conscientização, pois o combate a toda forma de violência é “uma luta coletiva”.
O relatório preliminar da pesquisa será analisado em reunião ampliada da Executiva da FENAJ que acontecerá em Londrina, no próximo final de semana, durante a realização do I Seminário Nacional sobre Ética no Jornalismo. O relatório final será disponibilizado à categoria, entidades, veículos de comunicação e ao Poder Público. Carmen Silva conta que “além de cobrar que os órgãos responsáveis efetivamente investiguem os casos e punam os culpados, apontaremos ações que busquem verdadeiramente a defesa da liberdade de imprensa no Brasil”.