FENAJ participa de evento do G20 sobre integridade da informação

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Liberdade de expressão, defesa da democracia, necessidade de regulação das plataformas digitais, promoção dos direitos humanos e civis, ações para garantia de um ambiente online seguro e inclusivo, urgência de políticas de educação midiática.

Estes foram alguns dos temas  discutidos nos dois dias de debates do evento paralelo do G20 “Promover a integridade da informação: combatendo a desinformação, o discurso de ódio e as ameaças às instituições públicas online”, realizado em São Paulo esta semana nos dias 30/04 e 1º de maio.

O encontro, promovido pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom/PR), em parceria com a Unesco, reuniu especialistas internacionais para discutir o tema, que é uma das prioridades do Grupo de Trabalho de Economia Digital do G20.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) participou do evento, representada no primeiro dia pelo vice-presidente, Paulo Zocchi, e no segundo, pelos diretores Thiago Tanji (Mobilização, Negociação Salarial e Direito Autoral) e José Augusto Camargo (Mobilização dos Jornalistas de Produção de Imagem) (foto).

Na abertura do evento do GT de Economia Digital do G20 sobre promoção da integridade da informação, o ministro Paulo Pimenta, da Secom/PR, destacou a movimentação brasileira pelo enfrentamento à desinformação e ao discurso de ódio no mundo. Dentre as ações necessárias, está levar informação de qualidade para as pessoas e aprimorar as técnicas de verificação de notícias, combatendo proativamente as narrativas de desinformação.

Risco da falta de regulação das plataformas

Maria Ressa, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2021, participou do segundo dia do evento sobre integridade da informação do grupo de trabalho de Economia Digital do G20, na quarta-feira (1/05), em São Paulo. Ressa é jornalista há mais de 37 anos e atua para garantir a liberdade de expressão e a garantia da democracia. Ela é cofundadora, CEO e presidente do Rappler, o principal site de notícias e de defesa pela liberdade de imprensa nas Filipinas.

O painel teve a mediação de Patrícia Campos Mello, jornalista brasileira e repórter do jornal Folha de São Paulo.  Esteve diversas vezes na Síria, Iraque, Turquia, Líbia, Líbano, Ucrânia e Quênia, produzindo reportagens sobre os refugiados e a guerra nesses países. Mello foi vítima de campanhas coordenadas de notícias falsas e ameaças, ganhou na justiça o direito de reparação, que considerou “uma vitória de todas as mulheres”.

Ressa contou que previu os males das redes sociais e alertou o mundo sobre as potenciais ameaças de um ambiente sem garantia de verdade. Considera importante o Brasil tomar a frente da discussão sobre integridade da informação em função do potencial que o país tem de influência. Ela explicou que as ameaças à democracia que o mundo todo enfrenta estão acontecendo pela mobilização e desinformação nas redes sociais. “É incrível o que o Brasil passou, é o mesmo que nós passamos”, se referindo aos ataques que sofre por manter uma rede de jornalismo  que denuncia as ameaças à democracia nas Filipinas.

O fato de as redes sociais não terem regulação, abre espaço para o aumento significativo do discurso de ódio e a massificação da desinformação. Ressa defende a urgência de estabelecer leis que penalizem as plataformas, “precisamos de regulação para chegar na integridade da informação”.

Ela acredita que os  ataques nas redes sociais atingem principalmente as mulheres e mostrou a deep fake (vídeo gerado por computador), em que ela defende a aplicação em criptomoedas. Contou que a ação foi orquestrada por crackers que tinham interesse em descredibilizá-la. Ressa também apresentou gráficos sobre a desinformação da rede de extrema direita e das teorias de conspiração e anti-vacina na Asia e concluiu que acontece o mesmo no Brasil.

O jornalismo é uma das bases da democracia e está sujeito a regras de atuação, o que ainda não acontece no ambiente on-line. Ressa pontua que a atual crise nas democracias pode ser enfrentada com leis e regulação, com mecanismos de fomento ao jornalismo de qualidade. São também importantes estabelecer uma educação midiática e reforçar ferramentas de verificação de fatos.

Após a apresentação Patrícia Campos Mello perguntou se ela identifica os mesmos riscos na inteligência artificial. Ressa defende a proteção dos dados e que as pessoas detenham os direitos sobre eles, “as comunidades entregam seus dados de graça”. Outro risco é a distorção dos conteúdos que a publicidade gera e o fato das pessoas ficarem viciadas em notícias falsas e desinformação.

Com informações da Assessoria do G20 Brasil