FENAJ quer esclarecimentos sobre possível quebra de sigilo telefônico e da fonte

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A Folha de São Paulo publicou, na sexta-feira passada (07/11), informações de que a Polícia Federal teria quebrado o sigilo telefônico de jornalistas que cobriram as prisões realizadas na Operação Satiagraha. A FENAJ quer que a PF investigue a denúncia e entende que , caso o fato seja comprovado, estará configurada ação ilegal do órgão. A entidade condena as tentativas de intimidação ao trabalho dos jornalistas.

O caso teve grande repercussão em julho passado, quando houve vazamento de informações sigilosas sobre as investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal contra o milionário Daniel Dantas. Na ocasião, a PF tentou prender a repórter Andréa Michael, da Folha de São Paulo, e houve acusação de privilégio nas informações ao repórter César Tralli, da TV Globo, no episódio da prisão de Dantas.

Já naquela ocasião a FENAJ condenou as ações da PF de busca e apreensão de documentos, pressões sobre vazamento de informações e a ameaça de prisão à jornalista. A Federação atribuiu a responsabilidade sobre o vazamento de informações à Polícia Federal e sustentou que os jornalistas têm a obrigação de divulgar informações de interesse público, ponderando, no entanto, que isto deve ser mediado quando oferecer risco de vida aos envolvidos na apuração jornalística.

No caso recente, a PF negou que tenha havido quebra do sigilo telefônico dos jornalistas. Mas na matéria publicada pela Folha, Amaro Vieira Ferreira, delegado que investiga o caso, embora tenha declarado respeitar o direito de sigilo da fonte dos jornalistas, afirmou que iria identificar os responsáveis pelo vazamento das informações através de outros meios.

Para o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, caso se confirmem as acusações, a PF terá cometido duas ilegalidades, a quebra do sigilo telefônico sem autorização judicial e a quebra do sigilo da fonte. “É preciso que a PF investigue essas acusações e esclareça os fatos, pois é inadmissível esta pressão sobre os profissionais de imprensa e o uso de expedientes escusos nas investigações que violem os direitos dos jornalistas e da sociedade”, disse.

Murillo estranhou, também, o silêncio da Globo “pois afinal foram os jornalistas da empresa que supostamente foram grampeados”.