FENAJ traça o quadro de violência contra jornalistas no Brasil

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Para marcar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – 3 de maio – A FENAJ lança, nesta terça-feira, o relatório “Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil”, produzido a partir de um levantamento feito pela Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da entidade. Foram registrados, em 2005, 67 casos de violência contra jornalistas. Divulgamos, em primeira mão, o relatório aqui. No Mato Grosso, o Sindicato dos Jornalistas e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT) repudiaram o atentado contra o jornalista Davi de Paula.

Atentados a bomba, incêndios, tiros, situações de risco profissional, intimidações nos locais de trabalho, apreensão de equipamentos, entre outros foram os casos registrados no levantamento da FENAJ. O relatório traz informações detalhadas sobre os diversos tipos de violência e é revelador: “A maioria dos 67 casos de violência contra a imprensa registrados em 2005 teve como autores pessoas eleitas pelo povo ou contratadas pelos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário”. Quem lidera o “ranking” são os políticos com 21 casos de agressões, ameaças, assédio judicial e outras formas de pressionar ou controlar a imprensa.

Uma das conclusões do relatório é que “apurar e divulgar informações no Brasil é_um trabalho de risco, principalmente se envolver detentores de poder econômico ou político”. O documento será impresso e encaminhado ao ministro da Justiça, à presidente do Conselho Nacional de Justiça, órgãos de comunicação e entidades.

OAB e Sindicato do Mato Grosso repudiam atentado contra jornalista
Em nota oficial emitida no dia 26 de abril, o Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT) repudiaram o atentado contra o jornalista e radialista Davi de Paula que, no dia 23 de abril, foi vitima de um “atropelamento” em Cuiabá. Antes do ocorrido, Davi denunciou à Corregedoria do Comando da Polícia Militar um esquema de roubo de carros em Mato Grosso.

A nota classifica o “atropelamento” como um “ato covarde e insano” contra o profissional e um atentado à liberdade de expressão. As representações do Sindicato e da OAB exigiram das autoridades “não um excesso de zelo … mas justiça contra os que cometeram crime da época em que Mato Grosso era conhecido pela Lei do 44″.

Três membros da Polícia Militar de Mato Grosso foram questionados, no dia 25 de abril pela Inteligência da Polícia no Comando Geral da Polícia Militar. A OAB disse que vai acompanhar as investigações. Leia, a seguir, a íntegra da nota.

NOTA DE REPÚDIO

ATENTADO CONTRA DAVI DE PAULA É CONTRA DEMOCRACIA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A Diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor/MT) e a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Mato Grosso (OAB/MT), vem de público repudiar o ato covarde e insano da prática de atentado contra o jornalista e radialista Davi de Paula. Estas instituições entendem o suposto acidente ocorrido no domingo (23/4) como atentado em função do jornalista ter denunciado junto à Corregedoria do Comando da Polícia Militar de Mato Grosso um esquema de roubo de carros em Mato Grosso.

Em represália, Davi de Paula sofreu atentado, vendido para a opinião pública como um simples atropelamento, cuja circunstância narrada não convence. Ato deste tipo desonra a democracia, por ser contra alguém que sempre lutou e defendeu a comunidade, o interesse público. O Sindjor e a OAB/MT entendem este ato como um atentado à liberdade de expressão e exigem, não um excesso de zelo da instituição, mas justiça contra os que cometeram crime da época em que Mato Grosso era conhecido pela Lei do 44.

Três membros da Polícia Militar de Mato Grosso, entre 19 horas de ontem (25/4) e o início da madrugada de hoje (26/4), foram questionados em processo interno pela Inteligência da Polícia no Comando-Geral da PM. Não queremos mais impunidade, porque ela é a origem de todos os desvios e descasos correntes na sociedade.

Por fim, reforçamos junto ao comandante da Polícia Militar e ao Secretário de Segurança Pública que tenham lisura na condução dos trabalhos de apuração e punição dos responsáveis, em nome do bem comum e do respeito que a corporação como a Polícia Militar deve ter com a população, o patrão de todos.

Diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso – Sindjor
Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/MT

Cuiabá, 26 de abril de 2006.