No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorada nesta quarta-feira, 3, a Federação Internacional de Jornalistas – FIJ divulgou um novo estudo que revela as atuais ameaças ao jornalismo independente, em todo o mundo. Desde países como Filipinas e Peru, passando pela Malásia, Ucrânia e Burkina Faso, os resultados revelam um panorama desolador da situação de ameaça em que se encontra o jornalismo. O levantamento, realizado em mais de doze países, também mostra que os sindicatos de jornalistas têm desempenhado diversas ações para defender a liberdade de comunicação e os direitos trabalhistas dos repórteres.
Violência e ameaças, tanto físicas quanto mais frequentemente pela internet, onde os jornalistas são perseguidos sem descanso e recebem ataques generalizados de pessoas não identificáveis, que atuam com total impunidade, são apontados pela pesquisa. Essa violência é dirigida principalmente às mulheres jornalistas, por exemplo, no Peru, onde sofrem violações inaceitáveis a suas vidas privadas. Também se trata de uma forma de intimidação generalizada na Turquia, onde foi convertido num ato de violência cotidiana por parte do partido do governo, seus seguidores e o sistema de segurança. A intimidação e perseguição podem tomar a forma de advertências por parte de ministros aos jornalistas “para que vigiem seus passos”, assim como campanhas de linchamento na internet lançadas por pessoas pró-governo, segundo informa segundo informa DİSK Basın-İş, um filiado turco da FIJ.
O processo penal também é um desafio importante à liberdade de imprensa e é utilizado por muitos regimes repressivos que buscam prender jornalistas valendo-se de leis como de difamação e a legislação anti-terrorista para amordaçar os meios de comunicação. Como exemplo, o DİSK Basın-İş aponta que o uso dessas leis foi convertido em um trunfo legal contra os jornalistas na Turquia, país em que ao menos 145 repórteres encontram-se presos. Só em 2016, a FIJ listou 93 casos de assassinatos de jornalistas em todo o mundo, enquanto este ano, até agora, 13 perderam sua vida devido à violência.
E uma demonstração do desrespeito que muitos líderes tem em relação à liberdade de imprensa é o comentário do presidente das Filipinas, Rodrido Duterte, em resposta a uma pergunta sobre as ações que tomaria para abordar o assassinato de jornalistas em seu país. “Só por ser jornalista, não estás isento de ser assassinado se és um filho da puta”, disse o presidente.
A pesquisa também destaca as ameaças e riscos que os líderes sindicais da FIJ enfrentam na hora de defender o jornalismo e o direito desses trabalhadores. Embora tenham ocorrido demissões ou tenham sido negadas oportunidades de trabalho devido às atividades sindicais desses jornalistas, os sindicatos tem tido importantes vitórias, construindo bases definitivas para a defesa da informação independente e condições dignas de trabalho.
Em Burkina Faso, um funcionário que estava por trás dos ataques a um jornalista, foi despedido em consequência da campanha realizada pela Associação de Jornalistas de Burkina Faso. Na Malásia, a mobilização do sindicato resultou na prisão do autor de um ataque contra o edifício de uma agência de notícias. Na Ucrânia, um trabalhador que foi despedido do jornal Vil’nym shlyakhom, por sua atividade sindical, foi readmitido por decisão judicial, como resultado de uma forte mobilização do Sindicato Nacional de Jornalistas da Ucrância e o Sindicato Independente de Mídia da Ucrânia, ambos filiado à FIJ.
E do Peru à Bélgica, da Mongólia a San Marino, da Malásia a Chipre, os sindicatos de jornalistas tem realizado protestos formais às entidades de direitos humanos, assumindo desafios legais e organizando ações (desde greves a protestos) para defender a liberdade de imprensa e os direitos dos jornalistas.
“Nossa pesquisa mostra as contínuas ameaças em todo o mundo à liberdade de imprensa e aos direitos dos jornalistas, mas também revela o trabalho cotidiano, e muitas vezes heroico, realizado pelos sindicatos de jornalistas e as organizações em todo o mundo para defender os direitos sociais e profissionais dos jornalistas. Não pode haver uma demonstração mais clara da necessidade de consolidar a solidariedade profissional para proteger e ampliar a liberdade dos meios de comunicação”, afirmou o secretário geral da FIJ, Anthony Bellanger.
Philippe Leruth, presidente da FIJ, acrescenta que: “O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa representa uma oportunidade para denunciar aqueles que se dedicam a minar a liberdade dos meios ou a atacar o jornalismo independente, mas também para fazer um chamado à comunidade internacional a fim de que faça mais para enfrentar as ameaças e pôr fim à
Com informações da Federação Internacional de Jornalistas – FIJ
Foto: FIJ