
Depois de 9 dias de greve, TRT julgou o dissídio coletivo, garantindo reposição de 3% nos salários e estabilidade no empego por três meses
Os jornalistas alagoanos saíram vitoriosos da greve iniciada dia 25 de junho, em resposta à intransigência dos patrões, que propunham redução de 40% no piso da categoria. Em julgamento do dissídio coletivo impetrado pelo Sindicato dos Jornalistas, os desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (TRT/AL) determinaram a reposição de 3% nos salários e estabilidade no emprego por três meses, para todos os jornalistas que aderiram à greve. A decisão unânime também determinou que as empresas não descontem os dias parados nem exijam reposição das horas não trabalhadas. Com a decisão, o piso dos jornalistas de Alagoas, passa de R$ 3.565,27 para R$ 3.672,22, com reajuste retroativo a 1º de maio, data-base da categoria. O reajuste de 3% poderá, entretanto, ser pago em quatro parcelas de 0,75%, até agosto.
A sessão de julgamento do dissídio foi realizada na manhã desta quarta-feira, 3 de julho. O relator do processo, desembargador Laerte Neves de Souza, defendeu a reposição das perdas salariais como forma de minimizar as consequências da perda de poder aquisitivo do trabalhador. Ele deferiu parcialmente a cláusula econômica do dissídio, concedendo 3% de reposição salarial para o piso e para os salários superiores ao piso. O mesmo percentual deverá ser aplicado para o auxílio-creche e as diárias de viagens. As demais cláusulas do acordo coletivo anterior foram mantidas. Todos os desembargadores votaram com o relator.
A categoria acompanhou o julgamento, dividida entre o plenário e a porta do TRT. No final do julgamento, a diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindijornal) e todos que estavam presentes consideram a decisão uma vitória e, ainda na porta do Tribunal, decidiram retornar ao trabalho, a partir de amanhã. O presidente do Sindicato, Izaías Barbosa, elogiou a categoria, que manteve-se mobilizada durante os nove dias de greve. Segundo ele, o resultado favorável constitui-se em mais uma vitória histórica dos jornalistas.
A presidenta da FENAJ Maria José Braga, que acompanhou o primeiro dia de greve, também elogiou “a força, a coragem e a disposição de luta dos jornalistas alagoanos”. Segundo ela, os patrões fizeram uma proposta indecorosa e a categoria teve uma reação à altura. “Os jornalistas de Alagoas deram exemplo para toda a classe trabalhadora brasileira, que não pode aceitar mais perdas e precisa estar coesa e organizada para resistir, lutar e vencer”, afirmou.
Repercussão
A greve dos jornalistas alagoanos teve ampla repercussão no Estado e no país. A categoria, com sua mobilização, conquistou apoio de diversos segmentos da sociedade alagoana, de entidades, movimentos e coletivos estaduais e nacionais, além do apoio da FENAJ, dos Sindicatos de Jornalistas de todo país e da CUT estadual e nacional. Artistas alagoanos também apoiaram a greve, apresentando-se nos pontos de piquete, em frente às TV Gazeta (Globo), TV Pajuçara (Record) e TV Ponta Verde (SBT). Os grevistas tiveram, ainda, apoio de personalidades, como a jogadora de futebol Marta.
Durante os nove dias de greve, houve também grande movimentação nas redes sociais. Hoje, a hashtag #LuteComoUmJornalista foi para o topo da lista de temas mais comentados no Brasil no Twitter, levando a rede social a explicar a luta dos jornalistas contra a redução salarial. Depois do julgamento, os jornalistas alagoanos passaram a utilizar as hashtags #HojeANoticiaÉaVitóriaDosJornalistas e #OJornalismoDeQualidadeVenceu.
A categoria promete seguir mobilizada e unida. A ideia é manter a vigilância para denunciar casos de assédio moral aos profissionais que participaram da greve e também manter um fórum de debates ampliado sobre as questões do jornalismo e dos jornalistas.
#HojeANoticiaÉaVitóriaDosJornalistas.
#OJornalismoDeQualidadeVenceu.