Intransigência patronal é a tônica nas campanhas salariais em vários estados

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tribuna_internaNas campanhas salariais dos jornalistas em vários estados os empresários de comunicação riscaram de seu dicionário a palavra negociação. Surge um novo verbete: “negocianão”. Na contramão do que ocorre em outros setores econômicos, a negativa, ou ausência de resposta às reivindicações é demonstração do desprezo dos donos da mídia em assegurar melhores salários e condições de trabalho aos jornalistas. Os Sindicatos da categoria denunciam o atraso patronal nas relações trabalhistas.

Os dados coletados pelo Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS), do DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – mostram que nas negociações coletivas com data-base no primeiro semestre deste ano, cerca de 85% das 328 unidades de negociação da Indústria, Comércio e Serviços analisadas – no setor privado e em empresas estatais –houve aumentos reais para os salários. Em 83,9% dos casos os aumentos reais variaram entre 1% e 4%. No setor de comunicação, no entanto, mesmo tenso sido beneficiados com desoneração feita pelo Governo Federal na contribuição do INSS, que chega a 20%, os patrões insistem em não conceder aumentos reais aos jornalistas.

No Ceará patrões sequer apresentam proposta de reajuste
Na quinta rodada de negociação da Campanha Salarial 2013/2016 dos jornalistas de jornais e revistas do Ceará, ocorrida dia 11 de outubro, além de negar toda a pauta de reivindicações dos jornalistas (que têm data-base em 1º de setembro), o representante patronal sequer apresentou uma proposta de reajuste salarial.

A postura das empresas mereceu uma advertência da auditora do Trabalho e mediadora da SRTE, Jeritza Jucá. Ela cobrou mais objetividade às comissões de negociação patronal e laboral na próxima reunião, marcada para o dia 25 de outubro. Os profissionais querem a unificação dos pisos em R$ 1.910,00 (valor do piso de rádio e TV), entre outras reivindicações.

Jornalistas pedem valorização na tribuna da Câmara de Porto Alegre
O Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (SindJor/RS) utilizou a Tribuna Popular da Câmara Municipal de Porto Alegre na quinta-feira (17/10) para reivindicar melhores salários e condições de trabalho. O presidente da entidade, Milton Simas Júnior, denunciou que “os patrões demoraram três meses para abrir as negociações e não negociaram nada, apenas corrigiram a inflação”. Em assembleia geral, a categoria recusou a proposta de aumento do piso para R$ 1.808 para Porto Alegre e R$ 1.540 para o Interior. A reivindicação é de piso de R$ 2.000,00 para 2013, R$ 2.200,00 em 2014 e R$ 2.400,00 para 2015, reajustados pela inflação do período. No RS a data-base da categoria é 1º de junho.

Ao final da sessão na Câmara Municipal de Porto Alegre, acompanhado por dezenas de jornalistas que estavam nas galerias vestindo camisetas com os dizeres “sem jornalista não tem informação”, o presidente do SJRS solicitou apoio dos vereadores aos jornalistas e repúdio ao sindicato patronal.

Em Santa Catarina patrões não negociam
Em Santa Catarina, onde a data-base dos jornalistas é 1º de maio, o Sindicato dos proprietários de jornais e revistas arrasta as negociações há 6 meses. Limitou-se a propor a atualização do piso para R$ 1.728,00 e a reajustar os demais salários pela inflação do período (INPC de 7,16%), negando-se a discutir as demais reivindicações da categoria. O Sindicato dos Jornalistas reivindica piso de R$ 1.750,00 retroativo a maio/2013 e de R$ 1800,00 a partir de janeiro de 2014.

Há quase dois meses os patrões não se pronunciam quanto à retomada das negociações. “O sindicato das empresas continua com a postura intransigente de não responder às reivindicações dos jornalistas, numa clara demonstração de desrespeito e desvalorização da categoria”, critica o presidente do SJSC, Valmor Fritsche.