Jornada de lutas mobilizou trabalhadores de Norte a Sul do Brasil

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not082A 3ª Jornada Nacional de Lutas por Nenhum Direito a Menos deixou seu recado. Em todo o país passeatas, greves, ocupações e bloqueios de estradas deram o tom da disposição dos trabalhadores brasileiros em brigar por seus direitos. Apesar da aparente indiferença e do esforço em minimizar a força do movimento, os grandes veículos de comunicação não conseguiram esconder o descontentamento popular com a perspectiva de redução de direitos trabalhistas. Presente nas mobilizações, o movimento sindical dos jornalistas reivindica a realização de novas manifestações para junho, em Brasília.

Articulada por centrais sindicais e movimentos sociais, a mobilização do dia 23 de maio foi a maior já realizada até o momento. Teve como carro-chefe o combate à Emenda 3, mas incluiu críticas à política econômica do governo federal, a timidez na política de reforma agrária, a reação às reformas sindical e trabalhista e ao arrocho no funcionalismo público e limitações no direito de greve.

Foram registradas mobilizações em 16 estados e no Distrito Federal. Em alguns houve confrontos com a polícia, que usou cassetetes, bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta para coibir manifestações. E a força do movimento já coloca em perspectiva a convocação de uma greve geral em defesa dos direitos dos trabalhadores.

No Ceará, milhares de trabalhadores ocuparam a Praça do Ferreira para repudiar a Emenda 3. Os jornalistas carregaram faixas do Sindjorce e da FENAJ com os dizeres “Derrubar o veto a Emenda 3 é um ataque a classe trabalhadora”. Em Florianópolis, seis mil pessoas ocuparam as pontes que ligam a ilha ao continente. A manifestação contou com a presença do presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade.

Em Tocantins a retirada do Projeto de Lei – PLP-01 do PAC- Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, e a manutenção do veto do presidente Lula à Emenda 03, foram os eixos centrais da passeata e ato público que marcaram o dia em Palmas.

Em Pernambuco, o líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado Isaltino Nascimento (PT), atendendo a pedido da FENAJ e do Sindicato dos Jornalistas, fez pronunciamento registrando que a Emenda 3 e outras medidas retiram direitos trabalhistas e favorecem à utilização da figura da “pejotização” (transformação da mão-de-obra em pessoas jurídicas). As manifestações dos jornalistas foram ouvidas, também, na Assembléia Legislativa do Paraná.

Em São Paulo, jornalistas e Radialistas participaram das manifestações distribuindo um panfleto com as reivindicações da categoria. O documento registrou que
Em conjunto com o sindicato dos Radialistas de São Paulo, o SJSP distribuiu uma carta aberta à população que se encontrava na Avenida Paulista, com as reivindicações dos jornalistas e radialistas. a emenda 3 atinge principalmente os jornalistas, os radialistas e os artistas, mas que a própria imprensa está distorcendo a discussão sobre esse fato, o que favorece as empresas de comunicação.

Disposta a reagir aos interesses mesquinhos dos empresários de comunicação, principais interessados no veto à Emenda 3, a FENAJ, juntamente com outras entidades, encaminhou nesta segunda-feira (28/05) ofício à direção nacional da CUT solicitando que articule, juntamente com outras centrais e movimentos, nova manifestação para junho. O objetivo é centralizar ações em Brasília para sensibilizar o Congresso Nacional.

Outro lado
A cobertura da grande imprensa buscou esconder ou minimizar o movimento. Algumas redes de TV fizeram registros em seus telejornais. Mas nos da Rede Globo a mobilização foi praticamente ignorada. O principal registro foi de uma mobilização do MST e de manifestações em uma usina hidrelétrica. Ainda assim, criminalizando as ações.

Precioso, sob o ponto de vista dos interesses que a Rede Globo defende, foi o editorial do jornal O Globo do dia 25 de maio. Não satisfeito em caracterizar manifestações como “invasão criminosa, com ares de terrorismo” que “atentam contra a ordem constituída”, o editorial foi mais longe. Arvorou-se no direito de “dar coselhos” ao presidente da República. O jornal espera que Lula “…para levar adiante o projeto de colocar o Brasil num longo ciclo de crescimento sustentado, terá de abandonar pela estrada antigos aliados, beneficiários de todo um arcabouço de normas e leis feitas para transferir dinheiro público para minorias privilegiadas”.

“São essas minorias que Lula favorece ao vetar a Emenda 3, que impede que fiscal da Receita seja juiz…” registra o parágrafo final do editorial, revelando o verdadeiro interesse da empresa.