Jornalistas lutam por valorização profissional

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A luta dos jornalistas brasileiros por valorização profissional, com melhores salários e condições de trabalho é árdua e contínua. No dia 23 de novembro, os profissionais da Fundação Cultural Piratini (RS) paralisaram suas atividades para sensibilizar o governo. Em Alagoas, os jornalistas lutam para que a TV Pajuçara corrija irregularidades. No Sergipe, Tocantins e São Paulo prosseguem as campanhas salariais. E como a luta dos trabalhadores é internacional, leia, também, um pouco sobre a greve no jornal francês Libération.

Funcionários da TVE-RS paralisam atividades
Denunciando há meses a falta de condições de trabalho e de reajustes salariais, os funcionários da Fundação Cultural Piratini Rádio e Televisão, mantenedora da TVE e da FM Cultura, no Rio Grande do Sul, paralisaram suas atividades no dia 23 de novembro. Nesta quinta-feira, 1º de dezembro, os funcionários fazem nova assembléia e, caso não haja manifestação do governo do Estado, a paralisação poderá ser retomada.

O movimento já atingiu seu objetivo: chamar a atenção do governo. Prova disso foi a revelação feita pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS, José Carlos Torves, de um acordo entre o presidente da TVE, Rogério Caldana, com todas as outras emissoras, para que a greve não fosse divulgada. O SBT-RS foi o único canal que rompeu o esquema e noticiou a greve, por iniciativa da apresentadora e editora do jornal local do SBT, Christiane Finger, que agiu com grande senso de profissionalismo.

Nesta segunda-feira (28/11), o projeto Saideira promove, em Porto Alegre, o debate “A greve da TVE-RS é apenas a ponta da antena”. O professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos, Valério Brittes, o presidente do conselho deliberativo da TVE-RS e diretor-geral da MTV no Rio Grande do Sul, Vitor Faccioni, e o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul e funcionário afastado da TVE-RS, José Carlos Torves, debaterão a situação da TV pública. O encontro será no Zelig Bar, na rua Sarmento Leite, 1086, a partir das 19h30.

TV Pajuçara diz que corrigirá irregularidades
Após intensas manifestações dos jornalistas alagoanos em frente à TV Pajuçara, a direção da empresa admitiu, em reunião com os Sindicatos dos Jornalistas e Radialistas, no dia 22 de novembro, a existência de irregularidades e se comprometeu a saná-las o mais brevemente possível. O diretor Executivo da TV, André Varjas, prometeu que não contratará mais ninguém para o seu quadro de jornalismo/radialismo que não seja habilitado. No que se refere aos programas terceirizados, apresentados ou produzidos por pessoas sem registro profissional, a emissora comprometeu- se em adequá-los à legislação.

A readequação dos programas deve ser concluída até o dia 4 de dezembro. No dia 5 haverá nova reunião da direção da empresa com os sindicatos e a representação da FENAJ, para avaliar se as adequações estão corretas e se ainda existem pendências a resolver. Apesar dos bons resultados da negociação, a TV Pajuçara não pretende alterar seu modelo de co-participação e terceirização de programas, o que poderá levar a embates judiciais.

Sindijor/SE cobra posição dos patrões
Na semana passada o Sindijor/SE cobrou oficialmente de toda classe patronal um ofício uma posição quanto à proposta de Convenção Coletiva de 2006, que já foi encaminhada em setembro. Como nenhuma contra-proposta foi apresentada até o momento, a categoria estuda possíveis manifestações públicas para denunciar a insensibilidade dos empresários de comunicação de Sergipe, que tem hoje o pior piso do país, R$ 684,00.

Jornalistas do Tocantins têm negocia&c_edil;ão nesta quinta
A campanha salarial 2005 dos jornalistas tocantinenses terá sua primeira rodada de negociação nesta quinta-feira (1º/12). A audiência de conciliação será na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), às 14h30. Entre as empresas intimadas pela DRT, apenas a Organização Jaime Câmara (OJC) apresentou contra-proposta de negociação. A proposta, que previa a redução do piso salarial de R$ 850,00 (valor já praticado há dois anos) para R$ 709,11, foi rejeitada pelos jornalistas. A reivindicação da categoria é elevar o piso para R$ 1500,00 mais reajuste salarial de 16%.

Começam as negociações em São Paulo
A campanha salarial dos jornalistas de São Paulo teve novos desdobramentos na semana passada. Em assembléia geral, o segmento de assessoria de imprensa rejeitou a contra-proposta do Sindicato patronal (Sinco), mantendo a reivindicação de auxílio-creche e reajuste de 8%, além de melhorias em outras cláusulas. Com o setor de jornais e revistas a negociação com o Sindicato patronal começou terça-feira (22/11). Os patrões aceitaram manter 29 cláusulas já existentes e a data-base do segmento em 1º de dezembro. As principais cláusulas econômicas e sociais, porém, só serão debatidas nas próximas rodadas de negociação, definidas para 29/11, 06/12 e 13/12.

No segmento de jornais e revistas do Interior, Litoral e Vale do Paraíba, a segunda rodada de negociação aconteceu quarta-feira (23/11), com a concordância patronal em manter 45 cláusulas da convenção anterior e a data-base para dia 1º de dezembro. As próximas rodadas do segmento foram marcadas para os dias 30/11 e 7/12. Também com o segmento de Rádio e TV já foram iniciadas, no dia 24, as negociações. Como de praxe, o setor patronal que impõe mais dificuldades nas conversações aceitou apenas 18 das 49 cláusulas existentes e não aceitou a manutenção da data-base. As próximas reuniões com o Sindicato patronal serão nos dias 1º/12, 08/12 e 15/12.

Greve paralisou Libération por quatro dias
Após quatro dias de greve em protesto contra a redução de empregos, os trabalhadores do jornal francês Libérationretomaram suas atividades no dia 25 de novembro. O plano de reestruturação da empresa previa a redução de cerca de 10% da equipe, suprimindo 38 postos de trabalho e terceirizando outros 14 postos do setor de informática e comercial. Com a greve, porém, a direção reduziu a perspectiva de demissões e abriu a possibilidade de saídas voluntárias com indenização de 40 mil euros.