No dia 29 de março uma greve geral de trabalhadores na Espanha protestou contra a reforma trabalhista aprovada em fevereiro. A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e a Federação de Jornalistas da América Latina e Caribe (FEPALC) manifestaram total apoio à paralisação, da qual os jornalistas tiveram ativa participação por serem um dos segmentos profissionais mais atingidos pela reforma trabalhista do governo espanhol e por uma realidade econômica geradora de insegurança e desemprego.
A posição de apoio à greve geral realizada no dia 29 de março na Espanha, foi aprovada em reunião do Comitê Executivo da FIJ ocorrida entre 23 e 25 de março, em Bruxelas. A crise econômica espanhola vem se refletindo drasticamente também na área de comunicação, com o fechamento de publicações, a insegurança e o desemprego de milhares de jornalistas e trabalhadores da mídia.
Para as duas entidades, a reforma trabalhista aprovada em fevereiro pelo Governo do conservador Partido Popular (PP), liderado por Mariano Rajoy, viola os direitos individuais e coletivos do povo espanhol. Tal medida é considerada um grave ataque contra a classe trabalhadora e atende aos interesses de setores empresariais, financeiros. Para a FIJ e FEPALC esta reforma é regressiva aos direitos dos trabalhadores e poderá significar a redução de mais de meio milhão de postos de trabalho em 2012 num país que já computa mais de 5 milhões de desempregados, o equivalente a 23% da população ativa.
Celso Schröder, presidente da FENAJ, resgata que a crise econômica na qual o governo espanhol se sustenta para justificar a reforma trabalhista não é resultado da ação dos trabalhadores. “Os grandes responsáveis pelas dificuldades econômicas da Espanha são os agentes centrais da economia de mercado e a especulação financeira. Logo, não faz sentido o governo repassar o ônus para os trabalhadores”, sustenta.
A FEPALC e a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) manifestaram solidariedade aos jornalistas das Comissões Operárias (CCOO) e à Federação de Sindicatos de Jornalistas de Espanha (FSPE) que participaram da greve geral juntamente com outras centrais e entidades sindicais contra a reforma do governo espanhol que corta direitos trabalhistas adquiridos nas últimas décadas.
Segundo a FSPE, a adesão foi total em muitos meios de comunicação e muita significativa noutros. Em algumas comunidades, como na Catalunha, Canárias ou Andaluzia, a adesão média à greve situou-se nos 75%, chegando a 95% em alguns jornais diários e televisões.
Em comunicado divulgado no dia 30 de março, a FSPE denunciou que muitos trabalhadores em comunicação foram obrigados a trabalhar e não puderam aderir à greve devido às ameaças veladas ou declaradas dos respectivos chefes. Lembrou, também, que muitos desses trabalhadores – não tendo parado – nem por isso deixaram de participar nas manifestações de protesto que se realizaram em diversos locais da Espanha.
Como nota negativa deste dia de luta, a FSPE assinalou a atitude dos empresários de comunicação, sobretudo na imprensa diária, que recorreram a todos os meios para tentar fazer fracassar a greve. Alguns deles, sublinha a Federação, não se importaram mesmo de perder dinheiro para colocar nas bancas “edições paupérrimas que são uma falta de respeito para com os leitores e ofendem a dignidade desses órgãos de comunicação e dos seus trabalhadores”.