Em razão de relatos de hostilidade e até de ameaça a jornalistas por parte de estudantes que participam da ocupação ao campus da UFPA de Belém, em especial, da expulsão de uma equipe de reportagem da TV Record, que foi pressionada a apagar imagens da câmera, na última segunda-feira, 14/11, o SINJOR-PA e a FENAJ abriram diálogo com os ocupantes, por meio do Núcleo de Comunicação do movimento, no intuito de garantir o direito e a liberdade ao exercício do Jornalismo, bem como a integridade física dos trabalhadores de imprensa.
O SINJOR e a FENAJ veem na ocupação das universidades e escolas um importante instrumento de pressão popular contra a aprovação da PEC-55, no Senado, que ameaça direitos dos servidores públicos e o aprofundamento da crise na Educação, em especial. Cientes de que a ocupação é uma notícia de extrema relevância social, e, portanto, pauta jornalística, veem com preocupação a possibilidade de criminalização do movimento, e, diante disso, alertam para que o trabalhador não seja confundido com os patrões da mídia.
Não podendo se eximirem em buscar garantias ao trabalho dos jornalistas, o SINJOR-PA e a FENAJ conclamam os jornalistas paraenses a exercerem as funções de acordo com o Código de Ética da categoria, sempre resguardando o interesse público, ao passo que reiteram o pedido para que os manifestantes respeitem os profissionais de imprensa.
Dentre os 137 casos de violência contra jornalistas levantados em relatório da FENAJ no ano de 2015, 9,49% ocorreram no Pará. Nacionalmente, a maioria dos casos foi de agressão física (35,76%), seguida de ameaça (20,44%); sendo que os manifestantes aparecem entre os principais agressores (13,87%), perdendo apenas para policiais militares e policiais legislativos (20,44%) e políticos, seus assessores e parentes (15,33%).
Diante desse cenário, é importante alertar as chefias de reportagem que a cobertura de qualquer manifestação é pauta de risco para jornalistas, sendo necessários alguns cuidados, como exemplo, evitar o envio de equipes em carros descaracterizados, garantir equipamentos de segurança e veículos em bom estado. Ainda, no caso específico da ocupação da UFPA, pedem o cuidado para evitar a criminalização do movimento reivindicatório e recomendam que as pautas sejam agendadas junto ao Núcleo de Comunicação, que se propõe a orientar e ajudar no trabalho das equipes de jornalismo.
Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (SINJOR-PA)
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)