Para presidente da FENAJ Dia da Imprensa deve estimular a reflexão e luta

476

Lembrado como Dia da Imprensa no Brasil, o 1º de junho teve atividades alusivas em vários estados. Para o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, no entanto, não há o que comemorar. As recentes agressões à liberdade de imprensa, à organização sindical dos jornalistas e a decisão do STF que extinguiu com a exigência do diploma como requisito para o exercício profissional do Jornalismo fizeram com que em 2010 haja motivos de sobra para reflexões e lutas nesta data.

Murillo registrou quatro recentes casos de agressões às liberdades de imprensa e sindical. Um deles foi o do jornalista Renato Santana, de A Tribuna de Santos, que sofreu ameaças e foi pressionado do Ministério Público regional da Baixada Santista por produzir reportagens denunciando a existência de grupos de extermínio na região com envolvimento de policiais e a omissão do Ministério Público na apuração das denúncias.

Outros casos lembrados pelo presidente da FENAJ foram a demissão do jornalista Felipe Milanez pela editora Abril, por ter postado no twitter críticas a uma reportagem da revista Veja, a tentativa de desqualificar o trabalho do repórter Chico Otavio, do jornal O Globo, uma série de reportagens que provocaram o afastamento do desembargador Roberto Wider da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a demissão arbitrária e ilegal do jornalista Evilázio Bezerra – que é candidato à direção do Sindicato dos Jornalistas do Ceará – pelo jornal O Povo, e as agressões da Polícia Militar catarinense contra dois profissionais que cobriam uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus em Florianópolis.

“Esses são alguns dos casos ocorridos só em maio e configuram agressões dos patrões, dos agentes que deveriam garantir a segurança pública e do Judiciário e mp, que deveriam zelar pelos direitos dos cidadãos e defender a liberdade de imprensa”, protesta Murillo. “Felizmente a atuação dos Sindicatos de Jornalistas e da FENAJ denunciando publicamente estes casos, inclusive a órgãos internacionais, faz com que tais situações não caiam no esquecimento e que a impunidade não reine absoluta”, completa.

A FENAJ lançou, neste ano, o relatório Violência e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2009. “No ritmo em estes casos vêm ocorrendo, 2010 será um ano de recordes em termos de agressões aos jornalistas e ao Jornalismo”, prevê Sérgio Murillo, informando que a FENAJ intensificará a denúncia destes casos e a cobrança aos órgãos responsáveis por coibir e punir os agressores.

Decisão do STF é agressão
Para o presidente da FENAJ a decisão do STF de junho do ano passado, acabando com a exigência do diploma para o exercício da profissão, sob o argumento de que tal exigência é inconstitucional e fere a liberdade de imprensa soa como uma piada. “Uma piada de mau gosto, que só contribui para a precarização e aviltamento da profissão de jornalista, deixando a categoria refém dos interesses patronais”, protesta, Sérgio Murillo. “Por isso nossa luta para que a Câmara e o Senado aprovem as PECs que restabelecem a exigência do diploma é fundamental para a valorização da profissão e para ampliar a defesa da liberdade de imprensa no país”, conclui.