A Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANP) registrou, em janeiro, 94 ataques a jornalistas durante a cobertura de protestos sociais. Isso, somado ao recorde do mês anterior, dá um total de 153 ataques desde 7 de dezembro, data em que começaram as mobilizações em nível nacional, em decorrência da crise política e social no país.
Os dados coletados pelo Escritório de Direitos Humanos dos Jornalistas (OFIP) da ANP mostram que no mês de janeiro o maior número de ataques se concentrou em Lima e que os agressores mais frequentes foram policiais. Entre os fatos mais graves está a ameaça de morte por parte da polícia contra o repórter fotográfico da agência EFE, Aldair Mejía, em Juliaca (San Román, Puno) em 7 de janeiro. Nesse caso, horas depois, o fotojornalista foi atingido por um tiro de chumbo na perna direita, causando uma fratura óssea.
Também foi registrada a detenção de quatro comunicadores regionais de Puno, durante a batida policial na Universidad Nacional Mayor de San Marcos. Os quatro foram liberados 30 horas depois. Houve ainda o ataque contra a equipe jornalística do portal de informação Wayka.pe, composta por Kevín Huamaní e Valia Aguirre, que não só foram agredidas fisicamente pelos policiais, mas também tiveram seus equipamentos de trabalho danificados.
Da mesma forma, a equipe jornalística da América TV, formada pelo motorista Abdías Vidarte, o técnico Cristian Ydoña e o repórter Víctor Castillo, denunciou que foram alvo de um ataque hostil de vândalos, que os abordaram dentro de seu veículo, atirando pedras contra eles. Víctor Castillo foi atingindo na boca e perdeu dois dentes.
No dia 20 de janeiro, a repórter da RPP, Andrea Amésquita, foi vítima de roubo de microfone e impedimento de cobertura, assim como Omar Coca, videorepórter do La República, que foi agredido com paus, pedras e espancado no chão, exigindo o desbloqueio seu celular para mostrar o que você registrou.
No dia 19 de janeiro, dia da chamada “grande greve nacional”, a Secretaria de Direitos Humanos da ANP registrou o maior número de ataques contra jornalistas em um dia: 19 agressões. Esse número superou o recorde dos 16 ataques ocorridos em 10 de novembro de 2020, no contexto dos protestos em defesa da democracia.
A Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANP), por meio do Escritório de Direitos Humanos do Jornalista (OFIP), permanece vigilante para o registro de ataques a homens e mulheres da imprensa, bem como para ativar junto aos órgãos públicos e à sociedade civil prevenção, defesa e medidas de ação contra os diferentes ataques que possam receber durante sua atividade informativa.