Sindicato de Minas Gerais cobra explicações sobre apreensão de equipamentos de jornalista

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O Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais pediu à Justiça explicações sobre os motivos da autorização para a busca e apreensão, no dia 31 de janeiro, de equipamentos de trabalho do jornalista Geraldo Elísio. Abordado em sua residência, o profissional teve seu meu netbook, pendrive, cds e cadernetas de telefone levados pela polícia. A entidade considera o caso como uma tentativa de intimidação e que houve grave violação das liberdades individuais e civis do jornalista.

Ex- colaborador do web jornal “Novojornal”, de propriedade de Marco Aurélio Carone, preso desde o início deste ano e acusado de vários crimes, Geraldo Elísio, o Pica Pau, procurou o Sindicato da categoria, pois não sabe qual o real motivo da ação perpetrada no dia 31 de janeiro por um delegado do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) e mais três policiais que o acompanhavam com uma autorização judicial de busca e apreensão. Os agentes policiais levaram os equipamentos de seu apartamento sem deixarem cópia da autorização judicial ou mesmo qualquer registro do material apreendido. Tal ocorrência se deu sem que haja qualquer acusação contra o jornalista.

Há sete meses Geraldo Elísio afastou-se do jornal on line para dedicar-se à produção de livros de sua autoria. No netbook apreendido existem textos de três livros inéditos do jornalista. Ele classifica a ação policial como uma forma de intimidação, pelo fato de, durante cerca de seis anos no “Novojornal”, ter produzido editoriais assinados em que tratava de denúncias contra agentes públicos de Minas Gerais. Elísio está convicto de que o objetivo da ação é desqualificar documentos que comprovam o “Mensalão Tucano Mineiro” e a “Lista de Furnas”.

O “Mensalão Tucano Mineiro” é o apelido de ações judiciais que tramitam no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal de Justiça de MG, a partir de denúncia da Procuradoria Geral da República, de desvio de recursos de estatais e banco estadual, numa triangulação com a agência de publicidade de Marcos Valério, descoberta a partir da prestação de contas de eventos esportivos que teriam sido patrocinados pelas empresas e banco. Os recursos, segundo denúncia, foram desviados para a campanha eleitoral de reeleição do então governador, Eduardo Azeredo, em 1998. A “Lista de Furnas” trazia uma relação de pessoas e candidatos à eleição beneficiadas com recursos da estatal. Segundo Elísio, a lista foi registrada em cartório e atestada como verdadeira pela Polícia Federal.

O jornalista, que já contratou um advogado para cuidar do caso, afirmou que vai oferecer a quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico às autoridades competentes e também vai enviar correspondência aos órgãos ligados aos Direitos Humanos, inclusive à ONU, denunciando o ‘Estado de Exceção’ em Minas Gerais. O SJPMG considerou fato grave, repudiou os atos de intimidação e a forma como se deu a apreensão das ferramentas de trabalho do jornalista, sem que haja acusação formal contra ele, e colocou-se à disposição do profissional. A entidade entende que houve grave violação das liberdades individuais e civis e uso desproporcional de força por parte do Estado contra o jornalista.