O exercício do jornalismo nos últimos anos passou a se constituir em “profissão perigo”. A difusão de informações com perspectiva crítica e ética incomoda a muitos setores, que incapacitados de conviver com a democracia, julgam-se no direito inclusive de tirar a vida dos profissionais de imprensa. A FENAJ não se cala, intervindo na defesa da categoria. Veja a seguir.
Radialistas têm casa alvejada em Rondônia
Os radialistas Valdemar Camata e Euclides Maciel tiveram suas casas alvejadas com tiros de armas de fogo na madrugada do dia 18 de maio, na cidade de Ji-Paraná. Os autores do disparo, bem como sua motivação, ainda são desconhecidos. Mas a agressão ocorreu após os profissionais abordarem a crise institucional de Rondônia em seus programas de rádio, que são transmitidos em cadeia para vários municípios do estado.
Em nota de solidariedade emitida dia 19 de maio, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Rondônia (SINJOR) ressalta “a necessidade de preservar o direito de informação dos jornalistas, para que eles possam cumprir a missão que assumem perante a sociedade”. A entidade também reitera “a necessidade de apuração urgente dos fatos denunciados, sob pena de a impunidade incentivar o cerceamento de informação em detrimento da liberdade de imprensa”.
Jornalista é agredido em Itaquaquecetuba
Se não bastassem os recentes casos de censura prévia, as agressões a jornalistas vêm crescendo no último período. No dia 14 de maio, o jornalista Joacir Gonçalves foi agredido por pessoas supostamente ligadas ao prefeito de Itaquaquecetuba (SP), Armando Tavares Filho (PL), durante uma festa realizada no Parque Ecológico da cidade.
Após ser chutado e ter exemplares do jornal “Enfoque Social” e a máquina fotográfica apreendidos por pessoas ligadas à organização do evento, Gonçalves foi ameaçado pelo prefeito, que, segundo o jornalista, afirmou que “Comigo aqui é diferente, eu vou te matar”. Para sair do parque, o jornalista e outro colega, Luciano Amaral, foram escoltados por policiais militares. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Polícia de Mogi das Cruzes.
Supostamente, a agressão deve-se ao fato do jornal “Enfoque Social” ter publicado matéria intitulada “Armando da Farmácia deixa crianças sem merenda”. A matéria aborda uma decisão judicial que suspende o contrato feito pelo prefeito, sem licitação, para fornecimento de merenda para as escolas municipais.
Hoje pela manhã foi realizado ato de protesto em frente à prefeitura de Itaquaquecetuba, com apoio do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo contra as arbitrariedades cometidas contra o exercício da profissão.
Ministro da Integração Regional é interpelado no STF por Jornalista de Minas
O jornalista Bernardino Furtado entrou, no dia 6 de maio, com interpelação judicial no Supremo Tribunal Federal contra o ministro da Integração Regional, Ciro Gomes. Em entrevista coletiva realizada dia 11 de março, em Belo Horizonte, Ciro o chamou de irresponsável e venal. Furtado é autor de matéria publicada pelo “Estado de Minas” e “Correio Braziliense” com críticas ao projeto de transposição do Rio São Francisco.
Na entrevista coletiva, a postura de Ciro Gomes provocou mal estar. Houve um bate-boca entre o entrevistado e o repórter. O ministro afirmou que quem se contrapõe ao projeto do Governo é atrasado e reacionário. E insinuou que Bernardino Furtado estava a serviço de alguém, sendo pago para isto. Segundo ele, o maior inimigo do projeto de transposição do São Francisco hoje é a desinformação. A interpelação tem como relator o ministro Celso de Mão tem como relator o ministro Celso de Mello.
FENAJ pede providências do governo do MS na elucidação de assassinato
O assassinato do jornalista Edgar Ribeiro Pereira de Oliveira, ocorrido em junho de 2003, no Mato Grosso do Sul, permanece impune. Sócio do jornal “Na Boca do Povo”, de Campo Grande, ele foi executado com 12 tiros. O secretário estadual de Infra-Estrutura, Paulo Duarte, é apontado em depoimentos como mandante do crime. A FENAJ pediu, no dia 20 de maio, empenho do governador José Orcírio Miranda dos Santos na elucidação dos fatos.
Em matéria publicada no Correio Braziliense de 17 de maio, o irmão de Edgar, Allan de Oliveira, denunciou que o Comandante Geral da Polícia Militar do MS, coronel José Ivan de Almeida, lhe revelou, há cerca de três meses, que o jornalista foi morto por dois PMs a mando do secretário estadual de infra-estrutura.
Allan formalizou a denúncia no dia 10 de maio ao promotor Clóvis Smaniotto, do Ministério Público Estadual. E diz que após isso foi ameaçado de morte pelo coronel da PM. Outro irmão de Edgar, Willian Ribeiro, procurou a Secretaria Especial de Direitos Humanos, há duas semanas, denunciando a ameaça de morte e pedindo segurança de vida para seus parentes.
Uma semana antes do assassinato, o jornal do qual Edgar Ribeiro Pereira de Oliveira era sócio publicou uma matéria onde o ex-procurador geral do estado, Sérgio Moreli, apontava que o crime organizado estaria infiltrado no governo do estado. Em nota oficial, emitida dia 18 de maio, o secretário Paulo Duarte negou as denúncias e disse ser vítima de injustiça.
Os irmãos PMs Hudson e Hudman Ortiz, segundo a denúncia, foram os autores dos disparos. Alguns meses depois, eles próprios foram alvos de atentado, numa tentativa de “queima de arquivo”. Hudman morreu e Hudson ficou tetraplégico.
Em ofício encaminhado ao governador Zeca do PT, o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, registra que “são graves as recentes informações sobre o possível envolvimento do crime organizado e de autoridades públicas na morte do jornalista” e pede “o máximo rigor, isenção e presteza na investigação que o caso com certeza merece”.
Jornalista tem casa incendiada em Palmas
Laudo do Instituto de Criminalística do Tocantins, emitido no dia 20 de maio, confirmou que o incêndio na residência da jornalista Sandra Miranda, em Palmas, foi intencional. Editora do jornal Primeira Página, ela teve parte da sua residência incendiada na tarde da terça-feira, dia 17. A FENAJ cobrou do governador Marcelo Miranda rigorosa investigação do caso, com garantia de segurança para a colega e sua família.
Atuando no jornalismo de Tocantins há 22 anos, Sandra Miranda dirige o jornal “Primeira Página”, com uma linha editorial independente. Nos últimos meses tem publicado denúncias envolvendo diversos setores da sociedade. Por isso acredita que o incêndio foi uma tentativa de intimidar seu trabalho.
Na solicitação de providências ao governador do Tocantins, a FENAJ afirma que “o direito à informação é uma conquista social, e ameaças e violências contra jornalistas colocam em risco esse essencial direito humano, causando um enorme prejuízo à sociedade” . A entidade denunciou a gravidade do fato e repudiou qualquer tentativa de intimidação ou ameaças à liberdade de imprensa.