Cresce o movimento para reverter demissões de professores em Minas Gerais

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Uma audiência na Assembléia Legislativa de Minas Gerais e ações junto à Procuradoria Tutelar das Fundações do Ministério Público de Minas Gerais, esquentaram, nesta segunda-feira (10/12), o clima pela reversão das demissões na Universidade FUMEC, ocorridas dia 4 de dezembro. Foram demitidos sumariamente mais de 50 professores, dentre os quais 14 dos 34 professores do curso de Comunicação Social, sendo um deles dirigente sindical da FENAJ. Revoltadas com a atitude, diversas entidades reivindicam da instituição a revogação do ato.

Revoltados com a situação, os alunos do curso de Comunicação entraram em greve. Na sexta-feira (06/12), eles ocuparam a sala da diretoria da FUMEC questionando o motivo das demissões. Para conter manifestações na sala da direção, foi usada a força policial. Uma reunião para debater o problema estava prevista para esta segunda-feira, mas a direção da Faculdade recuou.

Para os professores, o motivo das demissões é um confronto político. Os demitidos discordaram, da proposta de mudança do Projeto Político Pedagógico defendida pela nova direção da Faculdade de Ciências Humanas da FUMEC. Até o momento a direção da FUMEC não apresentou justificativa consistente para o ato. O Conselho Universitário disse apenas que esta era uma decisão da Faculdade.

Entre os demitidos está o jornalista e professor de telejornalismo Alexandre Campello, Diretor de Educação e Aperfeiçoamento profissional da FENAJ. “O grave nessa situação é que as demissões não seguiram o que determina a LDB, foram feitas de forma autoritária e arbitrária, e sequer a estabilidade sindical foi respeitada”, conta Campello.

Segundo relatos, a idéia da nova direção da Faculdade e do novo coordenador do curso de Comunicação é reduzir os gastos com o curso, evitando novos investimentos nos laboratórios, reduzindo a carga horária dos coordenadores de laboratório e dando uma dimensão mais mercantil ao curso.

“O respeito à legislação e ao direito dos trabalhadores, o espírito democrático e a disposição para o diálogo é a atitude que se espera nessas situações – especialmente de uma instituição voltada para a formação de profissionais responsáveis e cidadãos cientes de seus direitos e deveres”, registrou a FENAJ em nota oficial emitida no dia 06/12.

Na manhã desta segunda-feira (10/12), quando ocorreu na Assembléia Legislativa de Minas Gerais uma audiência comemorativa aos 59 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, representantes dos demitidos leram uma carta denunciando as arbitrariedades da direção da Faculdade. Vários parlamentares manifestaram apoio ao movimento e buscam realizar, ainda nesta semana, uma audiência pública específica para esclarecer o processo de demissões e buscar sua reversão.

Depois, representantes do movimento entregaram uma carta à procuradora Valma Leite da Cunha, que solicitou mais documentos para subsidiarem um posicionamento da Procuradoria Tutelar das Fundações do Ministério Público de Minas Gerais. O movimento está organizando, também, um ato público para a próxima sexta-feira, que contará com a presença do presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, e de representantes de outras entidades, como o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo.