Debate destaca falta de transparência nas negociações entre A Notícia e RBS

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not068Ausência de transparência, medo causado pela concentração da mídia em um único grupo, problemas trabalhistas e ditadura do pensamento único. As várias facetas da venda do jornal A Notícia para o Grupo RBS foram a tônica do debate “A Concentração dos Meios de Comunicação de Santa Catarina”, realizado pelo SJSC no Instituto Luterano de Educação Superior (Ielusc), em Joinville, no dia 21 de setembro.

O debate contou com a participação dos diretores da FENAJ Sérgio Murillo de Andrade e Valci Zuculoto. A crítica à falta de transparência na negociação entre as direções do jornal A Notícia e do grupo RBS, após mais de um mês do anúncio oficial do negócio, foi constante. Além dos leitores do jornal ainda não terem sido informados sobre a transação, cerca de 500 trabalhadores do jornal joinvilense vivem a apreensão quanto ao seu futuro, com a perspectiva de demissão ameaçando a todos.

Também foi destacado que a compra do jornal A Notícia e suas implicações não têm sido pautada sequer pelos veículos concorrentes, o que impõe um silêncio geral sobre o assunto para a população catarinense.

O coordenador do Curso de Jornalismo do Ielusc, Samuel Pantoja Lima, disse que a idéia inicial era realizar o debate na Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ), o que foi recusado pela entidade, que também não se fez representar no evento. Igualmente recusados foram os convites feitos aos vereadores joinvilenses, com a única exceção não compareceram.

Valci Zuculoto, diretora da FENAJ, lembrou que a venda de A Notícia implicará na imposição de um único ponto de vista para os leitores. Mesmo não representando uma opinião tão diferente da expressa pelo Diário Catarinense, o jornal A Notícia era um possível canal para outras abordagens e notícias, o que passa a não mais existir.
Para o presidente em exercício do SJSC, Josemar Sehnem, o monopólio é ruim para os jornalistas, que terão menos opções de emprego. Ele destacou também que o Sindicato está atento à forma que se dará a transição do controle para o Grupo RBS, de forma a preservar os direitos trabalhistas de todos os jornalistas que vierem a ser demitidos.

Já o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, destacou que a monopolização usurpa do leitor o direito de escolha. “Teremos um único discurso à nossa disposição: aquele que fecha com o ponto de vista da RBS”, advertiu. Para ele é importante estimular o crescimento das mídias regionais e alternativas, de forma a dar às pessoas opções por outras abordagens dos fatos.

No debate foi destacado que este negócio entre A Notícia e RBS é mais um motivo para a participação dos jornalistas e da sociedade catarinense na Plenária do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, que será realizada em Florianópolis entre 20 e 22 de outubro.

Negociações concluídas
Na sexta-feira, dia 22, as negociações para a aquisição do jornal A Notícia foram concluídas, com 96,7% das ações da empresa passando a pertencer à RBS. A partir de 1º de outubro o grupo gaúcho assumirá a gestão e a operação do jornal A Notícia.

Com informações do SJSC.