* Laércio Guidio
Sempre que alguém pergunta minha profissão e digo que sou jornalista, tenho que responder a uma entrevista sobre o que acho da “não obrigatoriedade” do diploma.
É importante informar às pessoas que a “não obrigatoriedade” de um diploma não dá a ninguém conhecimento por decreto. Sou convicto do propósito de que, independentemente da função que se queira exercer, há que se procurar uma escola que o deixe apto para tal feito.
Vários professores universitários têm dito que houve uma reformulação da grade curricular e do conteúdo para conectar os alunos com a realidade atual. Isso é muito positivo. É preciso profissionalizar a maneira de se expressar, pois a maioria das pessoas está sintonizada com o mundo por meio dos blogs, facebook, twitter e tantas outras ferramentas atuais.
A liberdade de expressão existe para todos, mas como saber tirar um bom proveito desses novos propagadores de informação? Como descobrir o que é de interesse público e o que é meramente interessante ao público? A responsabilidade na informação continua valendo.
A importância da apuração e o compromisso com a veracidade dos fatos é sempre o primeiro mandamento da comunicação, mesmo que seja em 140 caracteres. Assim como qualquer pessoa que vai dirigir um automóvel passa de pedestre para motorista (nesse caso precisa de habilitação), quando se propõe a informar passa a exercer uma importante função do Jornalismo; com periculosidade que pode ser comparada a um acidente de automóvel. Jornalismo com irresponsabilidade mata moralmente.
É necessário profissionalismo, falta expressão em toda essa liberdade. Quem investiu no conhecimento sabe o peso de seu diploma, ele não garante competência, mas ao menos mostra interesse de quem antes de executar uma função exigiu de si maior preparo.
Os que comemoram a “não obrigatoriedade” da formação acadêmica, certamente pensam somente no rótulo e não na ciência adquirida. Hoje, o brasileiro, assim que nasce, ganha o kit cidadão: uma certidão de nascimento, várias vacinas e a profissão de “jornalista”.
Falando nisso, qualquer pessoa que faz um parto pode ser chamada de obstetra? A “faculdade da vida” pode até dizer que sim, mas o mercado de trabalho certamente dirá que não. Sem preparo, ferro nenhum vira espada, nem mesmo por decreto.
* Jornalista em São Paulo
Fonte: site do SJPMG