No ano passado, o número de jornalistas mortos em todo o mundo, em decorrência do exercício profissional ou em acidentes de trabalho, aumentou 50%, de acordo com o relatório anual Killing the Messenger. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) indicou que, em 2022, o Brasil registrou em média uma agressão a jornalistas por dia, entre ataques físicos, ameaças e intimidações, além do assassinato brutal do jornalista Dom Phillips.
Para traçar as características e dimensões dessa violência buscar caminhos possíveis para proteger a profissão e o acesso à informação, o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP recebe a mesa-redonda Violência contra jornalistas no Brasil: diagnósticos e caminhos para a proteção. O evento público e gratuito acontece no dia 27 de março, segunda-feira, no Auditório Alfredo Bosi do IEA, das 14h às 16h30. Também haverá transmissão on-line pelo site do IEA.
A mesa-redonda será composta por Norian Segatto (diretor do Departamento de Saúde da FENAJ), pela professora Daniela Osvald Ramos, coordenadora do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência, ambos da USP, e por Dyego Pegorario, articulador da Rede Nacional de Proteção a Jornalistas e Comunicadores pelo Instituto Vladimir Herzog. A mediação será realizada por Bruno Moura, integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade, organizador do evento.
Jornalismo, Direito e Liberdade
A grave ameaça ao exercício da profissão é latente e ficou ainda mais evidenciada nos atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando diversos jornalistas foram agredidos. Diante desse cenário, há iniciativas de monitoramento e proteção desenvolvidas pela sociedade civil brasileira e internacional, e recentemente, o governo federal lançou o Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas, pelo qual promete realizar ações de monitoramento, prevenção e responsabilização. De acordo com a Radioagência Nacional, veículo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), além de fazer monitoramento dos casos, a ideia é também criar um banco de dados com indicadores sobre atos de violência e sugerir a adoção de políticas públicas.
Mas quais são as características e dimensões dessa violência, e como monitorá-la de modo preciso? Quais são os caminhos possíveis para proteger a profissão e o acesso à informação? Como fortalecer o jornalismo e a informação de qualidade em um cenário de ataques à democracia e descrença na imprensa e em outras instituições que trabalham com informação de interesse público? Essas são algumas questões que o grupo de pesquisa Jornalismo, Direito e Liberdade (JDL) pretende debater em seu primeiro evento de 2023.
O JDL é um grupo de pesquisa ligado à ECA e ao IEA, e tem como foco de pesquisas estudar as interfaces do jornalismo, da filosofia política e do direito. No programa de trabalho deste ano, o grupo pretende pesquisar as condições e papéis atuais do jornalismo e das liberdades de comunicação num contexto de extremismos.
“Queremos investigar em que medida a liberdade de imprensa e outras liberdades correlatas de comunicação – do livre desenvolvimento da personalidade e dos dados pessoais até a liberdade de atuar na comunicação social, passando pela liberdade de opinião, crença e expressão, e o acesso à informação, o que inclui também a educação midiática e outros direitos -, têm sido violadas, realizadas ou defendidas numa época de continuidade”, destacam os pesquisadores em seu calendário 2023.
Serviço
Violência contra jornalistas no Brasil: diagnósticos e caminhos para a proteção
Data: 27 de março, às 14 horas
Local: Auditório Alfredo Bosi – IEA
Endereço: Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo
Com informações do Jornal da USP, do IEA e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo